Resolvi falar somente agora de Machado de Assis no Tik Tok e não é notícia velha. O texto que você leitor vai conhecer, estava na gaveta e explico o motivo. Eu gosto de surfar onda sozinho. Sim, sou antissocial, e muitas vezes isso me apresenta alguns benefícios, como a reflexão deste artigo.
Você com certeza ouviu falar da influenciadora americana, Courtney Henning Novak, que fez uma resenha do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, no sábado, dia 18 de maio, no Tik Tok, e a experiência de leitura e admiração pelo escritor brasileiro apresentado pela gringa, viralizou nas redes sociais, aumentando a compra da obra literária.
Eu realizei a leitura de tudo o que se possa imaginar sobre este assunto. Entre eles, que o Brasil precisa de uma estrangeira para conhecer os seus talentos, que o próprio brasileiro não conhece os clássicos da literatura, a representatividade de um homem negro e intelectual, que não é só dancinha e gatinho que dá audiência etc. Esse fenômeno dará vários assuntos e o que puder ser explorado positivamente será importante.
Agora, tive uma percepção o tanto imaginária como instigante. Será que Hollywood vai produzir um filme de um homem que, depois da morte, torna-se escritor para compor sua autobiografia? Este “defunto-autor” ou “zumbi contemporâneo” retorna para registrar suas memórias e vivências, e precisa comer o cérebro de pessoas próximas para encontrar informações, enfrenta nobres, pobres, políticos e vermes - não nessa ordem necessariamente, para uma digna lembrança de sua morte?
Ou ainda, já que a ideia é “Made in Brazil”, produtoras brasileiras já estão projetando filmes e séries, grupos teatrais já se movimentam em suas produções, as escolas do país já se preparam para consumir os diversos formatos de conteúdos, clube de livros dos ‘machadianos’ invadem os lares brasileiros, o governo investe em editais e festivais e o defunto-autor ressuscita a literatura do país! Fico com a segunda opção.
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.
