As temperaturas estão caindo com a proximidade do inverno, o que complica ainda mais a situação de quem se encontra vivendo nas ruas. As vagas nos abrigos nem sempre são suficientes para atender a uma parcela cada vez maior de pessoas, ainda reflexo da pandemia de Covid-19 que vivemos recentemente. 

Mogi das Cruzes inicia ações como a abertura do Ginásio Municipal Prof. Hugo Ramos que passa a também ser um abrigo, recebendo inclusive animais, grandes companheiros de quem vive nas ruas. Mas o que chamou a atenção neste fim de semana foram as imagens de pessoas sendo deixadas em Mogi, trazidas de Bertioga pela prefeitura. 

É no mínimo estranho um programa que busca fazer com que as pessoas retornem aos seus locais de origem, deixá-los próximo a estações de trem para que sigam seu caminho, mas sem ao que parece um devido acompanhamento e acolhimento. Será que as famílias são procuradas e notificadas sobre onde estão essas pessoas, as condições em que estão vivendo e como reintegrá-las ao convívio familiar? Esse sim é um trabalho de Assistência Social. 

O simples recolher pessoas das ruas e trazer até uma estação de trem para que encontrem o próprio caminho pode até ser parte do processo, mas quem vive em situação de rua, enfrenta grandes desafios, são muitos os motivos que levam a tal situação, como a perda de um emprego e da moradia, vício em álcool e outras drogas ou casos de violência, e outros tantos que impedem que esta pessoa tenha novamente seu vínculo fortalecido com a sociedade e a família. 

Aqui cabe também outro questionamento: por que não comunicar a Prefeitura e os serviços qualificados de atendimento na cidade que receberá essas pessoas, mesmo que seja por um curto período? E será que isso ocorre apenas em Mogi? As cidades próximas poderiam certamente ser parceiras importantes nesse processo de reintegração. 

Precisamos de diálogo entre os serviços de atendimento a população de rua nas cidades e também no Estado, como também organizações que trabalham com esse público, para que tenhamos políticas públicas eficientes para atendê-los.