Nos estudos da Segunda Tópica de Sigmund Freud, o ser humano nasce com o ‘Id’, uma instância psíquica que consiste nos desejos, vontades e pulsões primitivas, formado principalmente pelos instintos e desejos orgânicos pelo prazer. A partir do ‘Id’ desenvolvem-se as outras partes que compõem a personalidade humana, chamados de Ego e Superego, assunto para outro artigo.
Da concepção ao nascimento, este indivíduo já sabe demonstrar as suas vontades, ele quer sugar, quer mamar, quer carinho e atenção e se desenvolve sendo servido por todos que o cercam. O bebê é o próprio reino, e quando a monarquia se quebra em alguma fase do seu desenvolvimento humano, a frustração é inconsolável.
Se não tiver bons orientadores, a ansiedade e depressão tomará conta deste ser, e ele não poderá ouvir que essa é a realidade da vida, precisa sentir que é único, especial, e alguém precisa resolver essa situação para ele, se não a sua alma continuará triste. Não importa a verdade da realidade que deve ser descoberta e encarada, mas a realidade inventada que precisa ser mantida e repetida.
Talvez, você leitor, se lembrou de alguém conhecido. Dificilmente tenha se identificado com a tal persona. Mas, o fato é que em nossa atualidade, mesmo com respeito e comunicação não violenta, muitas pessoas não querem feedbacks contrários ao seu mundo de orgulho. Neste caso, como mudar esse comportamento herdado? Muita terapia!
Em um processo analítico você fala e se ouve, chegará um momento que o sujeito vai precisar responder as suas afirmações e verdades, em um encontro único e sem conselhos e pitacos alheios, deve-se realizar uma decisão, se preparar para receber as consequências ou até mesmo fugir ou se adaptar aos resultados.
Em geral, em uma abordagem científica, não se ouve o que quer ouvir, e a verdade vai doer bastante, já que é você se ouvindo falar. Se estiver disposto a desenvolver essa habilidade de autoconhecimento e inteligência emocional, siga em frente!
Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.
