A mediação de conflitos nas escolas faz parte das demandas docentes. Diariamente, é preciso buscar o diálogo em prol de respostas aos confrontos, para que não alcancem outras proporções. O fato é que este ambiente está desafiador para aqueles que acreditam no potencial transformador da educação. Isso porque as agressões, até então entre os alunos, estão se estendendo aos professores.

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Para se ter uma ideia, a cada 10 educadores, 8 já foram agredidos nas escolas. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Nova Escola e o Instituto Ame Sua Mente. Dentre as agressões, foram destacadas a verbal (76,1%) e a psicológica/moral (41,5%). O estudo ouviu 2.752 profissionais e demonstra uma parcela desta realidade.

Quando partimos para o cenário global, os dados enaltecem a gravidade da situação. No levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), envolvendo mais de 100 mil professores do mundo, o Brasil lidera o ranking de agressões - verbais e físicas - contra docentes.  Os estudantes são os principais agressores (50,5%), seguidos de familiares de alunos (25,7%), gestores escolares e colegas de trabalho (11,4%) e outros professores (9,4%).

Este cenário não é recente, porém, ganhou destaque após a pandemia, quando os casos aumentaram. O isolamento social expôs muitos educandos a contextos turbulentos, e estes "exemplos" têm repercutido em suas atitudes, prejudicando a convivência com o eu, o outro e o nós. As raízes do problema são profundas. Mas, mais uma vez, a escola demonstra que o seu papel vai além do cognitivo. Os conhecimentos atitudinais e comportamentais integram o processo educativo. Afinal, este ainda é um espaço para formar cidadãos que respeitam uns aos outros. Porém, enquanto a violência não for repudiada e ser vista como normal, todo o trabalho pode ser em vão.  

Suéller Costa (sueller.costa@gmail.com) é jornalista, pedagoga, educomunicadora e pesquisadora. Doutoranda em Educação (FEUSP). Mestre em Ciências da Comunicação (ECA/USP). Especialista em Educomunicação (ECA/USP). Sócia da ABPEducom e APEP. Idealizadora do Educom Alto Tietê. Contatos: @educomaltotiete; @suellercosta