Sonhei que os partidos políticos se sensibilizaram com os dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre as 16 milhões de pessoas que moram em favelas no Brasil. Os partidos de oposições se uniram por um bem maior. Isso mesmo que você leu. Direita, esquerda e centro, apoiaram uma agenda política: Acabar com a moradia irregular até o ano 3000. 

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E as ações iniciais foram impressionantes. Já prevendo a potência que é a China, estava em pauta a negociação de tecnologias para construir ou reurbanizar moradias dignas e de qualidade em até 10 dias, para 2500 pessoas, em áreas de até 25 mil metros quadrados. Casas sustentáveis, reciclagem de água, materiais descartados, coleta seletiva, espaço kids, espaço lazer, espaço pet, academia, biblioteca e Wi-Fi comunitário, apareciam nas plantas dos imóveis.

Tenho recordação ainda de creches, escolas, empresas, delegacias, sistemas inteligentes de transporte público e mobilidade urbana. E tinha mais! Casas com medidores de eletricidade em tempo real, conectados à internet, apareceram no conteúdo onírico, sem falar da geração de empregos, renda e educação. 

Já estavam até organizando um cadastro para coleta de dados e direcionamentos de estudos, cursos, especializações e áreas profissionais para os moradores cadastrados do projeto: “ano 3000 sem favelas”. Sim! O próprio cidadão iria atuar no cuidado e manutenção do seu novo lar.

Tenho lembranças que os governantes sabiam que não estão fazendo nenhum favor, mas devolvendo um espaço que há anos foi negado para essa população. No sonho, eles iniciariam o pagamento de impostos com taxas fixas e valores acessíveis por um período de 10 anos.

Quando acordei assustado e feliz, sentado no banco do trem, duas pessoas estavam conversando sobre uma favela que vem crescendo em um muro entre as estações Brás Cubas e Mogi das Cruzes. Segundo eles, é mais fácil o trem chegar até César de Souza, do que a estrutura urbana da favela, sair daquele lugar. 



Marcelo Barbosa é jornalista, pedagogo e psicanalista. Autor da trilogia “Favela no Divã” e “A vida de cão do Requis”.