A ditadura militar no Brasil (1964 – 1985) teve um período mais repressivo, chamado Os Anos de Chumbo, que se estendeu do fim de 1968, até o final do governo Médici, em março de 1974. Sufocando toda voz que se levantasse contra o regime, uma voz ousou romper o silêncio sepulcral do medo que pairava sobre todos, Geraldo Vandré lança com grande sucesso sua música "Pra não dizer que não falei das flores" no II Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, em 1968. Destacando um dos trechos: "Vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer", vejo que o ser humano não tem paciência para esperar, o silêncio nos incomoda, vivemos num mundo ruidoso de pressa e multidão. 


📲Siga nosso canal de notícias no Whatsapp e fique por dentro de tudo em tempo real!!


Cada vez mais nos roubam a privacidade, é difícil achar um refÚgio secreto que nos dê o prazer de estar no silêncio da solidão. Lembro que uma vez estava dentro do carro, estacionado em frente a maternidade,  meditando antes de realizar uma cirurgia, quando um colega preocupado perguntou-me: "Está passando mal?" Respondi-lhe: "Não, estou batendo um papo com Deus". Um pastor famoso pelos seus sermões disse que o momento mais precioso não é aquele usado durante a oração, mas aquele em que se fica em silêncio, por alguns minutos, diante Deus, após a oração. 

Deus nos ouve, porém nos levantamos apressados após o "amém", sem dar o tempo necessário para que Ele fale conosco de Espírito para espírito. Seja educado ao orar: primeiro o louvor, depois a gratidão e por fim a petição. "Esperei com paciência no Senhor, e Ele se inclinou para mim e me ouviu quando clamei por socorro", Davi aprendeu a ter paciência com o silêncio de Deus que nos faz esperar pela Sua resposta. Quanto tempo só Ele sabe. O provérbio popular diz: "Deus tarda, mas não falha", é verdade, essa espera nos faz amadurecer para receber. Quando olhamos para o passado, tantas vezes podemos dizer: "Bem fez Deus em não me conceder, naquela época, aquilo que eu insisti em pedir, seria minha ruína".     


Mauro Jordão é médico.