Vivemos novos tempos no que diz respeito à realidade climática no Brasil e no mundo. O processo de desenvolvimento do capitalismo, particularmente no século passado e nesse, foi muito agressivo para a natureza e a conta está chegando.

📲Siga nosso canal de notícias no Whatsapp e fique por dentro de tudo em tempo real!!

E essas ondas de calor frequentes que estamos enfrentando não causa somente o desconforto causado por temperaturas elevadas, as quais não estamos acostumados; esse fenômeno traz também enormes riscos à saúde, podendo inclusive levar à morte.

São 27 as formas de morrer de calor. E elas já estão ocorrendo, mesmo considerando que ainda estamos na primavera. No verão que se avizinha poderá ser pior ainda. Em matéria do site Viva Bem publicada no UOL, a morte do carioca Felipe Braga de 46 anos, foi atribuída ao calor. Ele faleceu no dia 18 de novembro de 2023, dia em que a temperatura no Rio foi extrema. Combinou com a falta de luz, e a sensação térmica chegou aos 59,3 ºC, temperatura superior aos 57,8 ºC registrada no deserto da Califórnia, conhecido como o Vale da Morte. 

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a morte por calor já é um dos maiores problemas de saúde pública da humanidade. O calor mata cerca de 15 milhões de pessoas por ano no mundo. Mas, oficialmente, apenas 489 mil óbitos são registrados como sendo causados pelo calor. A mortalidade associada ao calor, dizem os especialistas, não é corretamente notificada na maioria dos países.

De acordo com especialistas, a situação do Brasil é particularmente preocupante. Nosso país é vulnerável pela desigualdade socioeconômica e pela falta de preparo para enfrentar a nova era climática. Ou seja, no Brasil morre-se muito quando faz frio e agora também quando faz muito calor.

E é importante entender que o calor provoca mortes, pois as temperaturas extremas são o gatilho silencioso para a falência de sete órgãos vitais: cérebro, coração, intestinos, rins, fígado, pulmões e pâncreas.

Voltando à causa da causa dessas mortes, a forma como temos tratado a mãe natureza é a responsável direta pelo que estamos vivendo agora. E não foi por falta de alertas. Quase três séculos após a Revolução Industrial se colocar em movimento, somente no final da década de 60 e início da década de 70 é que a questão ambiental passou a chamar a atenção.

Apesar dessa questão estar mais presente em nossas vidas, ainda assim a devastação da natureza segue seu curso. A busca desenfreada pelo lucro e riqueza nos emburrece a ponto de sacrificarmos o futuro das próximas gerações. 

E essas próximas gerações são nossos filhos e os filhos dos nossos filhos. 

 

Afonso Pola (afonsopola@uol.com.br) é sociólogo e professor