Uma das principais expoentes do cenário musical internacional, a cantora Taylor Swift chegou ao Brasil para uma série de shows. Mas, o que ocorreu no Rio de Janeiro-RJ é de uma tristeza e revolta sem fim. 

Ana Clara Benevides, de 23 anos, morreu de ataque cardíaco, durante a apresentação de sexta-feira. Suspeita-se que o óbito se deu por desidratação, pelo excesso de calor; fora isso, um sem-número de fãs desmaiaram e sofreram queimaduras de 2º grau diante da exposição ao sol. No domingo, outro fã, Gabriel Mongeno, foi assassinado num assalto. E, nesta segunda-feira, outro jovem de 23 anos morreu - supostamente, de calor.  

Após a morte de Ana Clara, a cantora adiou o show seguinte, mas depois que seus fãs já tinham "fritado" no sol escaldante do estádio durante todo o dia. Já no domingo, uma nova demonstração de falta de respeito e de sensibilidade. No palco, Taylor sequer mencionou Ana Clara, a primeira vítima. À imprensa, alegou, de forma reducionista, que "estava triste demais para falar sobre" e seguiu a vida. 

A ausência de empatia da cantora, de sua equipe e da empresa responsável pelo evento foram tão gritantes que a família de Ana Clara teve de fazer "vaquinha" para levar o corpo da menina de volta para casa, em outro estado.  

Será que Taylor Swift parou, por um segundo, em seu quarto luxuoso de hotel, para pensar na dor da mãe da fã, da família? Pelo que parece, não!  

Você está triste, Taylor? Não, você não está. Dilacerada está a dona Adriana Benevides. Ela é mãe da Ana Clara, a fã que saiu de casa feliz, para realizar o sonho de ir ao show de sua artista "perfeita", e voltou num caixão.  

Para finalizar, vou lhe dizer o real significado de empatia, Taylor: é você ser capaz de sentir o que sente o outro, caso estivesse na mesma situação. É colocar-se no lugar da pessoa, e sentir as emoções, inclusive as dores, que ela está sentindo. 

À dona Adriana Benevides e a toda família de Ana Clara, minha total solidariedade e carinho. Sinto muito por tudo isso. Faltaram afeto e acolhimento em meio a tantas luzes, luxo e idolatria. Sobrou calor. Faltou calor humano.  

 

*Dra. Luciana Inocêncio (luciana.inocencio@yahoo.com.br) é psicóloga e psicanalista; especialista em Transtornos Graves das Psicoses; em Psicologia Hospitalar e em Especialidades Médicas; e em Psicologia Clínica e em Teoria Psicanalítica.