As Santas Casas da região sempre colaboraram com o atendimento da população, mas também sempre foram verdadeiros problemas para algumas administrações municipais.  A falta de recursos é uma queixa recorrente, bem como as reclamações por parte dos usuários que utilizam os serviços de saúde.

Instituições muitas vezes centenárias cujas atividades de origem eram filantrópicas e de caridade, as Santas Casas passaram a desempenhar o papel de prestadores de serviços remunerados pelo Estado e pelos municípios.

Com repasses estaduais insuficientes, alta demanda de pessoas em busca de atendimento e gestões duvidosas, os hospitais foram sobrevivendo nos últimos anos da forma que conseguiram. 

 Em Suzano, por exemplo, devido a problemas de gestão e denúncias de irregularidades, a instituição hoje está sob intervenção da Prefeitura. Em 2011, o hospital, já nas mãos da administração municipal, viveu sua maior crise quando foi registrada a morte de 23 bebês na maternidade, a ala precisou ser interditada. O caso foi parar na Justiça.

Em Mogi, a instituição não viveu dias tão conturbados, mas sem dúvida enfrentou problemas financeiros para manutenção dos atendimentos nos últimos anos. Com seu Pronto Socorro aberto para receber a população mogiana, a unidade recebe da Prefeitura de Mogi, desde 2021, R$ 2.236.960,25 para operação do serviço, sendo o valor mais que o dobro da quantia que até então era repassada (R$ 992.936, 96).

O que parecia ser um bom acordo para as duas partes, agora se tornou um problema para a gestão mogiana. A Santa Casa não tem mais interesse em manter seu PS aberto e afirma que a questão financeira deixou de ser um problema. O objetivo agora é focar nas especialidades, em parcerias com empresas privadas. Mas como fica o papel filantrópico de origem da instituição dentro desse novo momento?

A Prefeitura de Mogi tem uma grande questão para resolver, e rápido já que o convênio termina em pouco mais de um mês, e pede bom senso por parte da Santa Casa, que parece ignorar sua vocação social. Se as duas partes não se entenderem, os próximos meses prometem ser caóticos na saúde da cidade.