Ser proprietário de um imóvel é o sonho de praticamente qualquer pessoa, poder dizer com orgulho que reside na casa própria. Para a esmagadora maioria da população brasileira, o imóvel residencial é o único bem imóvel que será adquirido pelo cidadão ao longo de sua história. Por essa razão, é crucial adotar cautelas rígidas para garantir que o sonho não se transforme em um pesadelo. O simples fato de utilizar os serviços dos tabeliães de notas na transferência imobiliária já é sinônimo de segurança, pois tais profissionais são preparados para ofertar tranquilidade nas transações a eles submetidas.

Ao lado dos notários, outros profissionais, em especial os advogados, podem contribuir na investigação da probidade de uma negociação, por meio da denominada due diligence imobiliária.

O pomposo nome equivale ao conjunto de medidas e providências adotadas para chegar à conclusão de que uma determinada transação imobiliária não é arriscada para o potencial comprador. Ninguém quer investir o seu suado dinheirinho para depois perdê-lo de uma hora para outra.

Estudos relativos aos vendedores, às pessoas que os antecederam na cadeia de proprietários e à própria matrícula do imóvel almejado, são as principais medidas da investigação.

Um valioso documento a ser esmiuçado é a matrícula, expedida pelo cartório de registro de imóveis, a qual contém todo o histórico do bem a ela pertencente. No atual momento do tempo, vige de forma intensa, mas não plena, a chamada concentração na matrícula, a qual implica em não serem oponíveis aos terceiros de boa fé ações não averbadas na matrícula do bem imóvel. Há exceções ao princípio, em especial quando os credores são o Poder Público ou oriundos em relações trabalhistas.

A existência das exceções, aliada ao fato da relevância da aquisição de um bem imóvel, tornam medida salutar a obtenção das certidões pessoais dos vendedores, dos proprietários anteriores a eles, incluindo em tais certidões eventuais pessoas jurídicas das quais sejam sócios.

Arthur Del Guércio Neto é tabelião de Notas e Protestos de Itaquá.