Água é o ponto de partida não apenas da vida, mas também da civilização. Foram à beira dos grandes rios, em todos os continentes do mundo, que as primeiras sociedades nasceram e floresceram, deixando um legado para a humanidade.

O futuro, assim como o passado, gira em torno da água. A preservação dos recursos hídricos está entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Na década passada, a crise hídrica colocou a Região Metropolitana em xeque e ameaçou o desenvolvimento econômico. Desde então, toda variação sobre os níveis dos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo levantam questionamentos válidos por todos nós.

Duas semanas sem chuvas no Alto Tietê afetaram as represas do Sistema Produtor do Alto Tietê (Spat), em diferentes patamares. Os números do reservatório Jundiaí, embora preocupantes sob o olhar do mês de agosto, ainda podem dar aos mais otimistas um espaço para rezar pelas chuvas que começarão a chegar com a virada das estações e o fim do inverno.

Seria uma aposta segura, se os sinais das mudanças climáticas que atingem o mundo, com secas e incêndios em diversos países da Europa, aliados aos avanços do desmatamento ilegal na Amazônia e no Pantanal, não começassem a desequilibrar o clima no Brasil. Rezar pela chuva, em breve, poderá ser a única coisa a fazer se não houver uma mudança urgente na mentalidade de gestores públicos.

O Alto Tietê e seu Cinturão Verde representam a última fronteira não apenas do meio ambiente, mas da cultura de raiz - o patrimônio imaterial celebrado em eventos locais, regionais e nacionais. Esta herança está atrelada às matas, aos rios e córregos, à agricultura familiar sustentável, e deve ser vista de forma integrada em um modelo moderno de gestão pública.

A civilização maia rivalizava na escrita e superava na arquitetura, astronomia e matemática, as civilizações europeias. Mas seu colapso, ao final do século VIII, começou com uma seca e o abuso de recursos naturais. Que seja uma lição, e não um eco do passado.