O primeiro passo concreto para efetivação do processo de impeachment, enfim, foi dado. De ambos os lados, os argumentos são mantidos: há quem insiste na tese de que tudo não passa de uma farsa e de um golpe de Estado, enquanto outros reforçam que a presidente Dilma Rousseff praticou, sim, crime de responsabilidade e que isso, por si só, enseja o pedido para impedimento da continuidade do mandato da petista.
O que se viu durante a tarde e a noite de domingo, em que o País parou para ver e ouvir políticos falarem, numa verdadeira ironia do destino, foi quase uma expectativa de jogo de Copa do Mundo. E isso não apenas por parte daqueles que são pró-impeachment, que se vestiram de verde e amarelo, foram às ruas e até a bares e restaurantes e torciam e vibravam a cada voto proferido no microfone posicionado à frente da mesa diretiva no plenário da Câmara dos Deputados.
Claro, esses torceram de maneira veemente, soltaram até fogos, fizeram buzinaço e panelaço. Mas pelo lado de quem era contra o processo, a favor do governo, também houve torcida na mesma intensidade. No fim, com o resultado a favor do impeachment antes mesmo de encerrada a votação, no 342º voto dado pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE) , quem saiu às ruas de vermelho sofreu e chorou como um torcedor vendo seu time perdendo na disputa por pênaltis.
Mais uma semana começou. Para muita gente é o início de uma esperança renovadora, para alguns é a continuidade da dúvida e para outros motivo de lutar contra o cenário político diferente que começará a tomar forma. A aprovação da admissibilidade na Câmara, por 367 votos sim contra 137 votos não, foi só a confirmação do envio do processo do impeachment para o Senado. Lá o resultado deve ser lido hoje e uma comissão especial deve ser composta amanhã. Claro que foi um resultado acachapante e terrível para o governo, que ainda apostava na possibilidade de o quadro ser revertido. Mas é a votação pelos senadores no início de maio que poderá culminar no afastamento da presidente por 180 dias e na continuidade do julgamento. Esse sim poderá resultar na condenação da petista, com a perda definitiva do mandato e na inelegibilidade por oito anos.
É um caminho que continua a ser percorrido, ainda que o resultado de domingo já tenha criado um novo clima na população. É tortuoso e com destino incerto. O que todos querem é que o resultado seja a favor da população, para que o País saia dessa estagnação e volte a ter projetos para o futuro e a crescer.