Não é necessário ser cientista político ou economista para perceber a atual relação entre política, câmbio e bolsa. Já há algum tempo que, quando há um sinal de que o presente governo poderá cair, cai também o valor do dólar norte-americano e o índice Bovespa sobe. 
Quando há reação do governo que possa ser considerada representativa pelo mercado, a Bolsa volta a cair e o dólar a subir e, assim, estamos nessa gangorra. Se observarmos dois gráficos dessas variações, nos últimos três meses, veremos: o dólar, a R$ 4,1655 em sua maior alta nesse período e a R$ 3,5627 na maior baixa, na sexta-feira passada. Já a Bolsa apresenta comportamento oposto, tendo chegado a 37.497,48 na maior baixa e a 51.248,93 em sua maior alta.
Quem acompanhou de perto percebeu que, no dia em que Lula depôs, o mercado interpretou o fato como sendo um passo na direção da queda do governo; o dólar caiu, a Bolsa subiu e a oscilação continuou , estando a radiografia do momento, na posição mais próxima à queda do governo. Na verdade, se vier a cair com base em qualquer das possibilidades - a mais provável parece ser o impedimento - é certo que desconhecemos o tempo em que isto se dará e, portanto, devemos permanecer atentos a essas oscilações econômicas.
Há cerca de dois meses, alguns analistas recomendaram, firmemente, a compra do dólar naquele momento, a R$ 4,00, para quem precisava, sinalizando que o mesmo poderia alçar voo até R$ 4,70, R$ 5,00. Se olharmos hoje, quem esperou se deu melhor, mas será que ficaremos com o câmbio neste patamar de R$ 3,60?
Penso que os sinais do mercado são claros pela preferência de mudança, mas, qual será a postura do eventual novo governo que possa manter o país em condições de boa produção e, sobretudo, de credibilidade?
O mais provável é que a gangorra continue, mesmo com novos ventos e, talvez, a projeção pessimista desses analistas se cumpra, de forma que este parece um bom momento para quem precisa comprar dólares e quem pode realizar lucro com a Bolsa, pois, certamente, venha quem vier, levará muito tempo para colocar o Brasil numa condição de equilíbrio e crescimento sustentáveis.