Era o Dia Internacional da Mulher. Estava aguardando uma amiga do trabalho na estação Barra Funda, do Metrô, de onde iríamos a uma reunião, em um cliente próximo. 
Cheguei adiantada e fiquei zapeando no celular, passando o tempo. Algumas mensagens chegavam parabenizando pelo dia, imagens das mais diversas, enfim, como todo mundo deve ter recebido, e em um dos grupos que tenho no Whastapp veio o relato de um amigo dizendo que nem no dia das mulheres os homens se solidarizam com elas.
Relatou que dentro do trem que estava prestes a chegar em Dom Bosco, tinha uma mulher passando mal, quase desmaiando e ninguém cedia o lugar. Assim que parou na plataforma, ele com toda a sua força resgatou a mulher e a ajudou a sair do trem.
Ficou um tempo com ela até chegar ajuda e a essa altura, o trem que estava já tinha seguido viagem. Quando se deu conta, percebeu que sua mochila tinha esquecido sua mochila dentro desse trem.
Aí foi que desesperadamente me pediu: "Andréia, aciona, pelo amor de Deus, todo mundo que você conhece porque minha vida está lá dentro. Esqueci tudo"!
Sem pestanejar ou entrar em mais detalhes, saí enviando tuítes, mensagens, para quem eu conhecia e para a própria CPTM. Dei as descrições da mochila e depois que tentei tranquilizá-lo dizendo que me responderam que talvez na Luz os guardas a encontrariam, já que estava sob o banco e levariam até o chefe da estação.
Perguntei o que tinha dentro da mochila, já que sua aflição era tanta e não consegui conter o riso quando me falou: "Tem meu frango e minhas batatas doces, além de alguns suplementos. Vou ficar sem comer"!
Ele só come isso, o tempo todo, já que vive em dietas e na academia. Ficou apreensivo o tempo todo até desembarcar na Luz. Chegando lá, perguntou para os guardas e, por sorte, disseram que a encontraram e ele feliz seguiu seu caminho.
Fiquei imaginando se não encontrassem: com essa onda infeliz de atentados a bomba, achar uma mochila pequena com batata doce concentrada, seria realmente uma explosão desagradável!