De forma inevitável, a crise econômica atinge todas as pessoas, em maior ou menor grau. Seja porque a situação apertou e agora é necessário rever os gastos para não deixar de pagar as contas e pôr comida na mesa, ou até mesmo algo pior, por ter perdido o emprego e agora ter que se virar de alguma maneira para continuar sobrevivendo. E essa avalanche afeta principalmente quem necessita mais do serviço prestado pelo Poder Público ou mesmo da atuação de entidades e instituições.
Exemplo disso é mostrado na reportagem de hoje sobre a situação da fila de espera em duas unidades na região da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Em Mogi das Cruzes e Ferraz de Vasconcelos, são 350 crianças e adultos com algum tipo de deficiência aguardando vagas para serem atendidos pela entidade. Esse cenário, sem dúvida, pode ser verificado em outras cidades do Alto Tietê onde a instituição também atua.
É algo geral, ou seja, há muita gente precisando de atendimento e as Apaes não conseguem ampliar a oferta de vagas para novos alunos e, certamente, a crise econômica tem papel nisso. Por ser uma sociedade civil e filantrópica, sem fins lucrativos, a associação depende das pessoas que a ajudam, assim como do Poder Público, do governo estadual, por exemplo.
Mas em tempos de contenção de gastos, infelizmente, até serviços primordiais como os prestados pela Apae acabam sendo preteridos em algum momento. Quando a situação é dramática, sem dúvida, surge algum deputado e apresenta uma emenda para indicar o investimento de verba que poderá resolver momentaneamente a situação, mas não por completo.
A crise econômica faz com que as pessoas se virem, mas também deveria fazer com que a maioria se tornasse mais solidária. É em momentos assim que a união poderia fazer a diferença. Ajudar entidades como a Apae é contribuir para o auxílio ao próximo. O mesmo vale, por exemplo, para as Santas Casas de Misericórdia, para as unidades da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), entre tantas outras entidades.
Mais do que apenas reclamar do momento e cobrar das autoridades mais participação e empenho, talvez fosse o momento de agir, rever cada um o seu papel na sociedade e pensar como poderia ajudar.
Se cada um também fizer isso sem, lógico, eximir o Poder Público daquilo que deve também fazer, talvez consigamos ter mais força para enfrentar e sair dessa crise. Em menor ou maior proporção, todos têm - ou deveriam ter - sua parcela de participação.