Tema único na agenda, na cabeça e no discurso da presidente Dilma Rousseff, o impeachment tem acentuado o distúrbio bipolar que desde sempre acomete o seu governo. Na última semana, os altos e baixos que até pouco tempo a psiquiatria classificava como maníaco-depressivos oscilaram com velocidade estonteante. Como espasmos, Dilma, Lula e os seus cantaram vitórias e amargaram derrotas sucessivas. E não conseguiram debelar os surtos.
A insistência de Dilma em escapar da realidade, conferindo ao seu governo e a si méritos imaginários, parece se encaixar no descritivo de psicopatias graves.
Depois de repisar a tese de que impedimento constitucional é golpe, acrescida agora do adendo de que ela não cometeu crime de responsabilidade, a presidente reeditou a lengalenga de que seus opositores apostam no quanto pior melhor. Mas foi além: acusou-os de botar olho gordo.
Olho gordo significa mau-olhado ou inveja. Na primeira acepção é pouco provável que opositores estejam fazendo reza brava para afastar a presidente. Até porque têm apostas mais consistentes - processos de impeachment em curso no Parlamento e de cassação no TSE. A outra hipótese só seria aplicável pela cobiça direta ao cargo, algo que só poderia ser atribuído ao vice Michel Temer.
No mais, difícil imaginar que alguém tenha inveja da posição de Dilma, execrada por mais de 70% dos brasileiros. Muito menos inveja de seu governo, um dos piores de que se tem notícia. Impedida ou não pelo Parlamento ou pelo TSE, Dilma deixará um estrago de dificílima recuperação nas próximas décadas.
Dilma vive hoje a alucinação de que é vítima de um complô conspiratório. Deve ser perturbador. A mesma Dilma encantada com os olhos que pareciam de lince de seu marqueteiro e que na campanha à reeleição mentia sem pudor ao prometer um governo de encher os olhos, agora reclama de olho gordo. Mas no caso dela nem as imbatíveis sete ervas - espada de São Jorge, comigo-ningúem-pode, guiné, arruda, pimenteira, alecrim e manjericão - salvam.