Com o parecer favorável ao andamento do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) expresso no relatório final de mais de 130 páginas - elaborado pela Comissão Especial que analisa o pedido de impedimento -, começa uma etapa bastante aguardada pelos opositores do governo e por uma ampla fatia da população.
A despeito do que a ala da situação e a própria Dilma alegam, sobre uma suposta tentativa de golpe para tirá-la do poder, o fato é que o relator da comissão, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), garante que há subsídios legais para dar andamento ao processo e que o foco será nas pedaladas fiscais. Agora, a previsão é de que na tarde de segunda-feira a comissão já inicie a votação, após a análise do documento pelos deputados.
Se por um lado a situação se complica cada dia mais para o lado da presidente e dos seus aliados, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, por outro, a maioria dos cidadãos (visto o recente índice de desaprovação do governo) pode dar um sopro de alívio e esperança de que algo, enfim, está sendo feito. Se vai resultar no desejo de muitos, já é outra história. Porém, o certo é que o trâmite correrá e que a possibilidade de mudar a política atual é considerada e, portanto, se isto vier a ocorrer, resta-nos saber se quem assumirá o posto estará apto para a tarefa, quanto tempo levará para consertar os estragos e se conseguirá fazer uma gestão melhor ou pior do que a que estamos vendo.
Porque a impressão que se tem é que o cotidiano só deve estar bom para quem defende o mandato petista, visto que o desemprego só aumenta, assim como os impostos, as contas de água, energia elétrica e a inflação e, por consequência, os preços dos combustíveis, dos alimentos no supermercado e de outros itens essenciais no dia a dia. Não que esse cenário tenha sido exclusividade do PT. O povo brasileiro já passou por outros períodos inflacionários, em outros governos, inclusive na época em que os preços aumentavam todos os dias nas gôndolas dos mercados, na transição da moeda de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) até virar, finalmente, Real, e se estabilizar. Isso sem falar quando a então ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, no governo Fernando Collor de Mello, comandou um pacote de medidas que previam o confisco de depósitos bancários e das cadernetas de poupança dos brasileiros.
Resumindo, espera-se que, desta vez, possamos, pelo menos, sobreviver a esta crise em menos tempo e com menos traumas.