Duas delações podem selar o destino da presidente Dilma. A primeira do ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, já em curso e a segunda, e talvez a mais reveladora, do empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso há muito tempo, já condenado, com provas que lhe são desfavoráveis e uma empresa bilionária que não pode ficar a mercê da Lava Jato.
As vésperas da votação do relatório do impeachment, as referidas delações podem ser o ponto final do já desgastado governo federal. O desgaste político é de tal monta, que nem mesmo o habitual fisiologismo está sendo aplicado imediatamente. Ante as críticas de que o governo está em fim de feira e promovia uma xepa de cargos, essa distribuição foi postergada para depois da votação do relatório do impeachment. Barrado o processo, entregam-se os cargos prometidos, o que o governo chama de nova coalizão e os oposicionistas chamam de compra de votos. Há uma clara desconfiança do governo federal quanto à fidelidade dos novos aliados.
No olho do furacão, surgiu uma terceira via, a convocação de eleições gerais em 2016. A ideia, capitaneada por Marina Silva (REDE), encontrou eco no Senado e seu presidente, Renan Calheiros (PMDB), demonstrou simpatia.
Renúncia, impeachment ou novas eleições, são três vias que levam ao no mesmo lugar, o fim do atual governo. Esse fim não é necessariamente uma preferência política, mas um ponto final a um modelo que gerou recessão, desemprego e inflação. Qualquer que seja a solução ela precisa ser rápida, a vida das pessoas e do País não pode esperar mais.
Também não dá para contar apenas com a Lava Jato. O Legislativo precisa decidir o que fazer e logo. A cada dia, mais empresas sucumbem à crise, mais pessoas perdem seus empregos, menos se consome e um ciclo recessivo se instaurou, é preciso evitar que se transforme em um ciclo depressivo. Não é pessimismo, são números baseados em fatos reais. Que o Congresso ou as novas delações da Lava Jato possam interromper esse ciclo.