Teve início ontem os debates sobre a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados. Várias lideranças partidárias falaram sobre a abertura da ação e anunciaram, mesmo que discretamente, seus votos. Até o início da noite de ontem, um simulador de votos divulgado pelo jornal O Estado de S.Paulo indicava que 344 deputados votariam a favor, o que caracterizaria a abertura do processo contra Dilma (confira o quadro no final do texto).
Maior partido de oposição no Congresso Nacional, o PSDB levou seus cinco representantes à tribuna da Câmara para reafirmar a posição favorável ao impeachment e acusar a presidente de ter cometido crime de responsabilidade e fraude fiscal. O primeiro, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), disse que a petista mentiu sobre a situação fiscal do País para se reeleger, enganando os eleitores e as instituições fiscalizadoras. "Quando era questinada sobre a situação dizia 'estamos de pé, estamos firmes, superavitários'. Era mentira! O Brasil já estava de joelhos", disse o deputado.Os líderes tucanos também abordaram a divisão política que vem sendo observada no Brasil e responsabilizaram o governo e o PT por ela.
Para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), ambos jogaram a população em dois lados e alimentam as divergências. "Dividiu o branco contra o negro, o religioso contra o ateu, o índio contra o produtor", disse.
Segunda maior bancada na Câmara, o PT foi o segundo partido a defender sua posição na tribuna da Câmara ontem. O líder do partido na Casa, deputado Afonso Florence (PT-BA), afirmou que, ao contrário do que se propaga no Congresso, a oposição não tem votos suficientes para que a Câmara autorize o processo de impedimento da presidenta."Não haverá uma eleição. Dilma não será derrotada e não será eleita a chapa Temer-Cunha, porque eles não têm, não tiveram e nunca terão os 342 votos 'sim'", disse ao acusar o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha de criar uma onda pró-impeachment.