Os olhos do mundo todo ficaram voltados ao Brasil durante a votação que sacramentou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), na Câmara dos Deputados, e o que foi visto, certamente causou estranheza e perplexidade nas pessoas. E foi justamente o "circo dos horrores" que se instaurou no picadeiro chamado Câmara que tomou conta de todos os noticiários do mundo.
A sessão extraordinária do domingo passado expôs o lado farsante da nossa democracia, como o Partido da Mulher Brasileira (PMB), formado apenas por deputados do sexo masculino, ou o Partido Progressista (PP), que é um dos grupos mais de direita no Congresso. O mundo também viu o deputado Jean Wyllys, - que se popularizou e se credenciou ao cargo após ter participado de uma das edições do Big Brother Brasil -, soltando uma cusparada direcionada ao "colega" Jair Bolsonaro, após ter sido xingado de "boiola" pela vítima da agressão. Vítima esta, que enquanto discursava o seu "sim" a favor da continuidade do processo de impeachment, fez menção à memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi do Exército de São Paulo, órgão de repressão política do governo militar, que na época da ditadura matou ao menos 50 pessoas, segundo a Comissão Nacional da Verdade.
O mundo também viu, estarrecido, momentos surreais da votação, como chuva de confetes e bancada evangélica apostando em Michel Temer para avançar em pautas conservadoras. O cenário de fundo de todo esse circo eram longos discursos que ultrapassavam, e muito, o tempo estipulado para cada deputado votar - com muitas menções a Deus, "painho" e "mainha" -, seguidos de comemorações ou vaias, dignos de uma partida de futebol, além de ferrenhos ataques ao chefe da Pasta, Eduardo Cunha, acusado de corrupção pelo Superior Tribunal Federal. Todo esse comportamento, digno de uma gincana da 4ª série, estarreceu, de fato, todos àqueles que acompanharam a sessão histórica.
E é bom que fique claro que a crise vai continuar independente do resultado desse processo de impeachment, e que nossa economia não será estabilizada por uma "simples" troca de governo. A Comissão Especial do Impeachment será instaurada já nesta segunda-feira, mas mesmo assim, o futuro continua escuro e só enxergaremos luz no fim do túnel daqui alguns anos, se medidas a favor da economia nacional forem tomadas.