O grupo Skank canta, em uma de suas músicas, que "cada um terá razões e arpões". Sensata visão do grupo mineiro, pois, justamente, enquanto alguns debatem argumentos, outros lançam agressões, talvez pela falta de fé em seus próprios argumentos, talvez pela dificuldade de conseguir conviver civilizadamente com a diversidade.
Ser civilizado tem grande relação com a necessidade de respeito ao outro, com a obrigação de convivência pacífica e racional com as diferenças.
Escrevo em um dia de ânimos acirrados, em que são discutidas diversas questões políticas, posicionamentos e opiniões variadas. Como acontece geralmente, e muito por conta de personagens, que buscam encarnar a representatividade dos grupos, toda a questão acaba por ser polarizada na luta do bem contra o mal, em que os debatedores defendem suas paixões. Tudo muito parecido com os atos de torcedores de futebol.
Sempre desejei que o brasileiro fosse tão interessado por política, quanto o é pelo futebol, mas eu não queria que essa transferência fosse literal. Desejava o interesse, mas esperava que a questão fosse encarada com a sensatez necessária.
Seja pelas redes sociais, ou no contato físico mesmo, as partes que divergem se digladiam. São constantes as agressões verbais e ocorrem agressões físicas, também.
Poderiam muito bem, ao serem contestados, responderem: "sim, entendo seus argumentos, porém, discordo, por conta dos argumentos que exponho:...". Não é o que acontece, aquele que se depara com opinião diferente, se apressa a agredir, ofende e ataca.
Alguns, otimistas ou iludidos, afirmam que dias melhores virão, que estamos em tempo de limpeza. Eu discordo. O que verifico é uma diminuição do respeito e da civilidade para com o outro. Vivemos em tempos, em que não se reflete mais sobre as qualidades dos argumentos, mas sim pelo número de pessoas arrebatadas. Trata-se de uma simplificação que empobrece o ideal democrático.
Manifestemos em defesa da capacidade de conviver com a diferença!