Um pouco mais de bom senso e tolerância parece ser a recomendação mais adequada nestes tempos de contínua interação digital, em que fazer amigos tornou-se tão fácil e rápido quanto colecionar inimigos.
Há xingamentos de todo tipo em comentários de algumas publicações. Parece haver um certo prazer em atacar, acusar ou denegrir - ou tudo junto - não só a postagem, mas também quem postou.
É uma prática que viola a mais rudimentar das etiquetas cibernéticas: se não gostou, ignore. Em especial, se o autor da postagem for seu amigo virtual. Como mostram os cães, não há por que morder quando basta um simples rosnado.
Chegou-se num ponto em que uma brincadeira inofensiva leva os contendores às vias de fato e às raias judiciais. Vi a notícia de um baita conflito causado por plaquinha numa lanchonete. Trazia preços para respostas a serem dadas a esposas ou namoradas que ligassem à procura dos respectivos pares. Para "acabou de sair", o valor era um. "Não o conhecemos" custava mais caro. Eram peças para fazer graça. Viraram apologia ao machismo. Nem o humor é perdoado.
Quando o assunto é política, a coisa piora muito. Os embates não se limitam ao ambiente virtual. Estão nas ruas. Amanhã, quando está marcada mais uma legítima manifestação de apoio ao impeachment da presidente Dilma, rogo por mais tolerância. Até porque ativistas pró-governo também anunciaram que vão para as ruas.
A livre expressão é um direito constitucional que precisa ser respeitado. O inadmissível é que vire selvageria. A intolerância de todo tipo já feriu e matou demais.
Como referência, cito o revoltante fanatismo do Estado Islâmico (EI) que, em nome do fundamentalismo, fulmina os opositores e destrói cidades milenares, ocasionando tragédias no Oriente Médio, com milhares de refugiados buscando sobrevivência nas nações europeias.
A diversidade amplia desafios, aprimora o conhecimento, fortalece a alma, estimula o bom senso, faz o mundo ser plural. Diferentes colorações partidárias, ideologias pouco similares e até posições antagônicas sobre diversos assuntos não transformam ninguém em inimigo.
Quando existe respeito, não sobra espaço para animosidade. Crescem as possibilidades de unir forças e otimizar resultados.