Uma grande personalidade, como um político ou um promotor de Justiça, é vista por nós como figuras importantes, que têm experiência e inteligência acima da média. Mesmo que isso seja verdade, não podemos esquecer que são seres humanos, que têm os mesmos sentimentos que nós e que, muitas vezes, se tornam infantis. Algumas vezes fazem birra, fofocas e criticam os inimigos pelas costas, o que os tornam tão normais como qualquer outra pessoa.
Em meio a toda discussão sobre o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alguém teve a disposição de encontrar um erro de escrita no processo contra o petista. A Justiça teria incluído no processo o nome de Friedrich Engels, coautor do "Manifesto Comunista" junto com Karl Marx. O promotor teria escrito "Hegel" no lugar de "Engels", e isso bastou para duvidarem da capacidade da Promotoria.
Claro que para falar do "Manifesto Comunista" com um partido que tanto tempo foi de esquerda e teve a obra como sua bússola, é preciso cuidado. Isso tudo mostra como uma briga faz com que qualquer inteligência seja deixada de lado. Friedrich Hegel, citado no processo, é um filósofo morto em 1831, quase duas décadas antes da criação do "Manifesto", escrito por Friedrich Engel. Prestem atenção, Friedrich Engel, Engel, Engel.
A importância dessa correção pode parecer sem necessidade, e claro que é. Estamos debatendo a possível prisão de um ex-presidente e não a história. Porém, como uma criança que tenta desviar o assunto quando é ameaçada, isso também ocorre no Poder deste País. O próprio Lula, em uma gravação feita por uma testemunha teria dito sobre a Justiça: "Eles que enfiem no c* todo este processo".
Tudo não passa de bobeiras, seja o desabafo do ex-presidente, seja a correção "tão importante" feita pelos especialistas em Karl Marx. A diplomacia e a experiência com as palavras, falada e escrita, não parecem qualidades unânimes dos nossos líderes. Tanto que temos uma presidente que pouco se importa com seus discursos, sempre cheios de espaços vazios e frases incompletas.
No meio de tanta informação infantil, que não deveria ser tão discutida nas redes sociais e veículos de comunicação do Brasil, principalmente quando a Justiça trata de algo tão sério, vale fechar o assunto com a resposta dada pelo promotor de Justiça José Carlos Blat, quando foi perguntado acerca do erro de grafia no nome de Friedrich Hegel. Ele disse: "Vão catar coquinho".