Quando uma prefeitura publica um decreto para declarar o município em situação excepcional de emergência é porque o motivo, obviamente, é sério mesmo. Em se tratando de saúde pública, mais ainda. Não é difícil imaginar o que levou a Prefeitura de Itaquaquecetuba a tomar essa atitude para combater a proliferação do Aedes aegypti. No ano passado, a cidade foi a líder na região em número de casos dengue: mais de 1,3 mil pessoas infectadas em 2015. Neste ano, já são seis ocorrências confirmadas de dengue e outras duas de chikungunya.
Embora todos se tratem de casos autóctones, ou seja, quando o inseto com o vírus pica alguém fora de seu local de domicílio, as doenças estão presentes no município. E isso quer dizer que se o Aedes aegypti picar essas pessoas, ele poderá começar a espalhar as doenças, e o que antes eram apenas casos "importados" passam a ser quase um surto local, principalmente em localidades populosas, que é o caso de Itaquá.
Na prática, a iniciativa do prefeito Mamoru Nakashima (PSDB) é facilitar algumas ações da administração municipal neste momento, em especial medidas para enfrentamento dessa situação sem a necessidade do cumprimento de algumas obrigações burocráticas, como a dispensa da realização de processos licitatórios para agilizar o certame e se chegar mais rápido ao resultado.
Resta saber se outras cidades da região precisarão ter a mesma iniciativa. Mogi das Cruzes realiza algumas ações para combater os criadouros do inseto, com agentes capacitados pela prefeitura para identificar o menor sinal de repositório de larvas. Até mesmo vereadores foram para as ruas confirmar denúncias de locais ideais para proliferação do mosquito e depois cobraram medidas do Executivo. Por se tratar da cidade mais populosa do Alto Tietê, todo o cuidado é pouco para que os casos não se alastrem.
Em Suzano, Poá e Ferraz de Vasconcelos também houve algumas ações no mesmo sentido, com recolhimento de materiais inservíveis, orientação, entre outras. Tudo com o objetivo de reduzir a zero qualquer chance de surgir uma população sem controle de Aedes aegypti.
Mas ainda que Itaquá tenha resolvido decretar situação de emergência, na prática, a eficiência do combate continua nas mãos da população. É no cotidiano, nas ações diárias e na vigilância constante, principalmente nessa época de chuvas, que os potenciais focos são encontrados e devem ser exterminados. O Poder Público faz a parte dele, mas a sociedade não pode baixar a guarda.