Incrível perceber como uma mesma região pode ter realidades tão discrepantes entre si sobre uma área do Poder Público, cuja a prestação de serviço ao cidadão é essencial, quando não questão de vida ou morte, literalmente. O Hospital Municipal de Mogi das Cruzes, instalado em Brás Cubas, receberá hoje, no Theatro Vasques, uma certificação de qualidade concedido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). O selo de abrangência nacional leva em consideração a segurança do paciente, em todos os aspectos.
Enquanto isso, pais e mães se desesperavam ontem com a falta de médicos pediatras no Hospital Regional Dr. Osíris Florindo Coelho, em Ferraz de Vasconcelos, e eram orientados a procurar outras unidades, em especial a mais próxima dali, o Hospital Municipal Dr. Guido Guida, em Poá. Por ser muito menor que o outro do governo do Estado e por nem ter como objetivo atender um volume tão grande de pessoas como o da cidade vizinha, não era difícil imaginar que o local ficasse superlotado e o atendimento comprometido.
Aí o que se viu foram pessoas sem saber o que fazer. E a preocupação deu lugar à revolta. A unidade poaense fez o que pôde. Atendia quem era da cidade, mas também até quem não era. Por outro lado, o Regional de Ferraz, mais uma vez entre tantas já registradas numa história que acumula problemas e denúncias, a orientação, segundo os pais de crianças que iam até lá, era procurar outro hospital. Já se viu esse filme tantas vezes. Mas a Secretaria de Estado da Saúde nega que o atendimento em pediatria tenha sido encerrado.
Fato é que o padrão de qualidade que o contribuinte espera do serviço prestado pelo Poder Público não se encontra na prática. Enquanto algumas pessoas podem se achar afortunadas por ter um atendimento decente no Hospital Municipal de Mogi, em cidades a poucos quilômetros dali a população local teria razão em se considerar infeliz e abandonada à própria sorte. É justo? As pessoas de um lugar merecem mais do que outras? O problema é justamente relacionado aos gestores.
Nada irá mudar enquanto o tratamento igualitário não for uma meta de todos os governantes, tanto em Saúde, como em Educação, Segurança, Habitação, etc. Em Mogi, a gestão é de qualidade e dá conta do atendimento que os pacientes precisam. Em Poá, a unidade atende no seu limite e acolhe quem necessita. Mas em Ferraz, novamente, o Hospital Regional deixa a desejar. E o mais desolador é imaginar que essa situação dificilmente irá mudar em curto prazo.