Dizem, afinal, que uma imagem vale mais do que mil palavras. Foi bonito ver a multidão foi se arrastando como serpente pelo chão, tranquila, pacifica harmônica. Nem sinal de jararacas no caminho. Já dava para desconfiar.
Seria um exagero dizer que existe unanimidade. Claro. Sempre existem aqueles que não se curvam às evidências. Para quem fatos não impactam convicções. Ou que simplesmente não querem ver. Faz parte do jogo. E da democracia. Mas o fato é que ficam confinados no interior de constrangedora minoria, e, isolados, comunicam-se através de lógica confusa expressada em dialeto semelhante ao Português, mas incompreensível à maioria.
Deu para ver de tudo na multidão. Menos a imagem de um País dividido. Existe, sim, consenso. E foi isso que se viu. Concordância sobre muita coisa. Principalmente, prevalência da ideia de que mudar é preciso. Não dá mais para deixar como está.
O País dividido, o "nós contra eles", as "elites contra o povo". Tudo ficou para trás. Finalmente. E ainda bem. Em plena quaresma, finalmente, o País refletiu. Resta agora olhar para frente. E continuar a caminhada.
Ainda vai demorar muito para ficar bom. O tempo é sempre implacável. E os erros do passado sempre aparecem para assombrar o presente. Assim funcionam as coisas. Tantos anos de negligência não vão, nem podem, ser corrigidos em pouco tempo. A verdade é que janelas de oportunidade foram perdidas. Muitas. Tantas que não vale a pena comentar. E isto vai ter um preço. E vai sair caro.
Por outro lado, talvez tudo tenha sido parte de necessário aprendizado. Possivelmente, a dor do erro tenha se transformado em sabedoria. E, quem sabe, no futuro, não se faça mais apologia à ignorância, nem se cultue o isolamento, a polarização, o conflito desnecessário.
Com sorte, a gente nunca mais, nunca mais mesmo, vai aceitar ser ludibriado. E passe a selecionar melhor, eliminando aqueles que, por dizerem qualquer coisa, são capazes de tudo. Afinal, a mistura de vulgaridades com meias verdades nunca foi receita para o sucesso.