O papel da mulher na sociedade brasileira sempre é tema de análise e discussão. Ao longo dos anos, são incontestáveis as conquistas obtidas pelo público feminino em todas as áreas de atuação. Claro, foi a tendência mundial, a evolução com o passar do tempo. Não existe mais a estigma do "sexo frágil", nem é também uma regra que a mulher deve exclusivamente cuidar da casa, dos filhos, do marido. Há muitas que ainda assim vivem e que também gostam. Só não é mais um destino natural e obrigatório. Mas também há inúmeras que querem muito mais, que lutam no dia a dia para ter o seu espaço e serem reconhecidas.
Ao mesmo tempo, as diferenças entre os gêneros ainda são gritantes, bem como os desafios. É errado pensar que já se alcançou o que era possível. Muito pelo contrário. Até porque há conquistas que surgiram há pouquíssimo tempo. A Lei Maria da Penha é um exemplo que ilustra bem isso. A legislação pensada para garantir mecanismos de proteção das mulheres contra a violência que possam vir a sofrer, principalmente dentro de casa, por parte de seus companheiros, foi instituída apenas em 2006, ou seja, é muito recente. Leva à reflexão sobre por que não havia nada do tipo antes. Era uma omissão e tanto das autoridades e até falta de atuação e cobrança da sociedade. Especialmente quando se vê uma quantidade enorme de vítimas que perderam a vida.
Os antagonismos são evidentes, inclusive na edição de hoje. O jornal traz uma informação interessante que retrata essa ampliação do espaço da mulher. De 2010 a 2014, o número de trabalhadoras no Alto Tietê cresceu 22%. Itaquaquecetuba foi a cidade onde mais se registrou o aumento no período. Por outro lado, no noticiário policial, a edição de hoje mostra que uma mulher foi vítima de tortura por parte do próprio marido em Suzano. Por sorte, ela sobreviveu e ele foi preso.
E todo Dia Internacional da Mulher sempre se exalta as mudanças e as conquistas. Mas a pergunta é o que virá depois? Será que o caminho tem como fim uma igualdade de fato e de direito em relação aos homens? Ou preconceito, velado ou não, continuará existindo em qualquer canto do mundo? Enquanto houver países em que muitos homens tratam suas mulheres como lixo, como subumanas, não haverá esperança.
O Brasil não está nesse patamar, felizmente. Mas há muita coisa que se resolver ainda e que pode fazer diferença. Conseguir chegar a um estado de literal igualdade será uma conquista verdadeira para todas as mulheres.