Todo ano, a história se repete. Logo nos primeiros meses e também com a proximidade do Carnaval, os bancos de sangue costumam divulgar a baixa em seus estoques, conforme mostrou reportagem publicada nos jornais Mogi News e Dat no dia 2 de janeiro. Na região, não é diferente. Esta é a época em que os hospitais mais necessitam de doadores, o que pode complicar a situação das pessoas que precisam de transfusão.
De acordo com o Banco de Sangue de Suzano, que abastece mais de 30 hospitais, inclusive de Arujá e Mogi das Cruzes, a queda no número de doações chegou a 40% no começo de 2016. Na capital, a situação é parecida, com redução de cerca de 50% nos estoques. Considerando que, no Carnaval, a tendência é que ocorram mais acidentes de trânsito devido ao aumento no fluxo de veículos nas estradas, por causa do feriado prolongado, e também por conta de motoristas que ingerem bebida alcoólica e pegam no volante, há a possibilidade de que cresça a procura por sangue estocado. Daí, a necessidade de se pensar em doar sangue, especialmente aqueles que possuem o tipo O -, considerado doador universal. 
A questão é tão imprescindível que, em São Paulo, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) lançou anteontem, pela primeira vez em 11 anos, a temática do Bloco da Solidariedade voltada para a doação de sangue. Aliás, o nosso próprio sangue deveria ser visto e cuidado por nós mesmos com maior importância, visto que hoje é comum quem contrate serviços laboratoriais especializados na coleta do sangue do cordão umbilical, no instante do nascimento dos filhos, por ser rico em células-tronco - uma "promessa" de cura para diversos males.
Da mesma forma, surge, timidamente, nos bastidores da medicina, outra esperança para curar vários tipos de doenças e reforçar o sistema imunológico: a auto-hemoterapia, cujo procedimento só pode ser feito por médicos. Trata-se de um método de retirada de pequena quantidade de sangue do paciente por via venosa, ou seja, do braço, e de reaplicação da injeção com este mesmo sangue na própria pessoa, só que desta vez nas nádegas, por exemplo. A expectativa é que, ao receber o sangue no músculo, o organismo aumente o sistema de defesa e potencialize o combate a infecções, entre outros benefícios. A técnica, entretanto, não é reconhecida no Brasil, pois carece de pesquisas e estudos científicos que comprovem a sua eficácia e apontem, inclusive, eventuais riscos à saúde.
Polêmicas à parte, o certo é que o sangue, elemento vital, guarda mais mistérios e benesses do que nossa vã ignorância possa imaginar.