É papo de saudosista, confesso, mas fico feliz em ter vivenciado a época dos bailinhos de garagem.
Morando no Jardim Imperador, em Suzano, desde os 6 anos, cresci com vizinhos com a mesma idade onde descobríamos juntos como "ser grande". Das travessuras infantis pelas ruas do bairro passamos para a fase adolescente explorando tudo o que ela nos traz. Uma delas, os bailinhos.
A trilha sonora, na maioria das vezes, era composta pelos LPs de novelas do momento e se você falar hoje que era "breguice" aquilo tudo, para nós sempre foi um momento único.
A alegria começava já na organização. Quem era amigo dos descolados da escola conseguia iluminação gratuita e garantia de uma garagem lotada.
Não nos preocupávamos com bebida ou comida. O mais legal eram os passinhos ensaiados anteriormente na escola para a apresentação durante o evento.
Como morávamos todos perto, íamos muitas vezes em comboio, a pé é claro, até a casa do anfitrião da noite. Não podíamos nos esquecer da vassoura. Sem dúvida era um acessório muito importante nesses bailes, já que o seu uso facilitaria muito ficar com o par desejado.
Lembro que havia até regra para quem estivesse com a vassoura não enrolar muito para trocar com alguém, além do que terminar a música com ela era passível de castigo, algo do tipo.
Lógico, que as primeiras paqueras aconteciam nesses encontros, até por isso esperávamos tanto para que eles acontecessem. Mas era tudo bem inocente e o mais engraçado é lembrar algumas músicas que tocavam na playlist: "Eu já tirei a sua roupa nesses pensamentos meus" - Wando; "Tanto tempo faz que a gente transa, que não se conversou" - Ritchie.
Já imaginou um bando de crianças de 12 anos cantando isso e achando o máximo? Bom, eu dou bastante risada lembrando dessa inocência toda. Foram tantos ritmos: lambada, anos 1960, rock e "música lenta".
Sem dúvida, marcou uma época que não volta mais, ou melhor, volta sim, toda vez, como agora, lembro-me do que vivemos nas ruas do Jardim Imperador.