A Polícia Civil de Mogi das Cruzes prendeu um suspeito anteontem, apontado como um dos integrantes de uma quadrilha responsável pelo sequestro do secretário de Saúde e de Finanças de Itaquaquecetuba, William Sérgio Maekawa Harada, e da então secretária municipal de Receita, Vanusia Fernandes Pereira, no dia 30 de novembro do ano passado. Os dois foram interceptados pelo bando quando passavam de carro por Calmon Viana, em Poá, e levados para um cativeiro na Vila Amorim, em Suzano, onde foram agredidos.
O secretário sofreu as agressões por não ter o dinheiro do resgate exigido pelos sequestradores (R$ 1 milhão) e, depois de cinco horas, eles foram liberados e o fato começou a ser investigado. Mas, o inusitado nesse caso é o modo de agir empregado pelos criminosos.
Segundo os policiais da Delegacia Seccional e do 3º Distrito Policial (DP) de César de Souza apuraram, a quadrilha instalou debaixo do veículo do secretário, cerca de uma semana antes de realizar o intento, um aparelho rastreador que o monitorava o tempo todo, permitindo aos bandidos saberem o trajeto utilizado e toda a rotina da vítima, o que concedeu subsídios suficientes aos sequestradores na hora de abordá-lo. Pelo menos dois aparelhos do tipo teriam sido descobertos, em dois veículos do secretário, durante uma revisão em uma oficina mecânica.
O curioso é que este equipamento, de tamanho reduzido, vem sendo oferecido por lojas físicas e virtuais a preços relativamente baixos, sem custo de mensalidade e de fácil instalação, podendo ser escondido, inclusive, por entre a fiação dos carros. No mercado, há diversos modelos e alguns funcionam a bateria ou por meio de carregamento em entradas USB.
As informações são enviadas para um aparelho celular escolhido pelo comprador, permitindo-lhe saber o itinerário do motorista e até todo o conteúdo do que for falado dentro do automóvel. Uma ferramenta bastante útil para investigações de toda espécie.
Ocorre que, agora, com o fácil acesso deste produto no mercado, a baixo custo e de simples manuseio, não somente a polícia pode descobrir onde vai e tudo o que falam as pessoas investigadas, mas também os cidadãos comuns e, conforme visto no sequestro dos secretários, a bandidagem. Sem dúvida, é uma faca de dois gumes e que nos leva a pensar o quão expostos podemos estar, mesmo dentro de carros blindados ou com vidros escuros. Em suma, na era atual, todo cuidado é pouco.