Os casos de violência contra a mulher se repetem com uma frequência assustadora, o que leva muitos a classificá-la como uma "doença social". Entre a última semana de 2015 e os primeiros dias deste ano, duas adolescentes foram violentadas na região. Elas fazem parte de estatísticas assustadoras. Uma pesquisa divulgada pela ONG ÉNois Inteligência Jovem, em parceria com o Instituto Vladimir Herzog e com o Instituto Patrícia Galvão, apontou que 77% das brasileiras já sofreram algum tipo de assédio físico. Os dados são do ano passado.
Outros números reforçam a gravidade do problema. Entre 84 países, o Brasil ocupa o sétimo lugar no ranking de assassinatos de mulheres, e de acordo com o Ministério da Saúde, os atendimentos devido à violência doméstica variam entre 40 a 50 mil por ano. Um estudo divulgado pela Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República (SPM) em parceria com a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, em outubro do ano passado, indica que, em média, 13 mulheres morrem por dia vítimas de violência no País.
Esta semana, na divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que teve como tema da redação de 2015 - "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" - outro dado chocante. De acordo com o Ministério da Educação, cerca de 55 mulheres aproveitaram o exame para denunciar atos de violência que elas mesmas sofreram ou que presenciaram. E quantas não são aquelas, das mais variadas idades e de diferentes classes sociais, que sofrem caladas após ataques de desconhecidos e até mesmo de pessoas próximas?
A discussão ganhou novos contornos com a criação da Lei Maria da Penha, que impõe penalidades mais severas para os agressores, mas o medo ainda impera. Há uma estimativa que um terço dos estupros não é denunciado. É preciso que cada um faça sua parte, e estimule a denúncia, incentive quem é vítima de violência a buscar a punição para o seu agressor, e que uma vez denunciado, a mulher tenha suporte para superar esta situação e buscar um novo rumo para sua vida.
São questões complicadas, que esbarram na dependência financeira, em se há filhos envolvidos ou não, mas uma atitude precisa ser tomada. Com tantos direitos conquistados, uma grande parte destas mulheres sendo responsável pelo sustento de suas famílias, elas devem ter o direito de abandonar os companheiros sem que sejam ameaçadas por isso, e também de poder ficar em suas casas, sem ter de dividi-las com agressores. Faça parte da mudança. Denuncie!