O incidente ocorrido no último sábado em Suzano deixa evidente como a atuação falha e a omissão do Poder Público ocasionam consequências danosas. Não foram apenas as fortes chuvas que caíram naquele dia que fizeram com que uma valeta de drenagem pluvial, que é classificada como "córrego" pela prefeitura, transbordasse e derrubasse o muro que separa o terreno particular onde está do Condomínio Vila Nova Paisagem. O volume de água inundou praticamente toda a área comum e invadiu e alagou todos os apartamentos do andar térreo dos dois últimos blocos (de um total de nove torres).
Uma obra executada no terreno particular ao lado alterou o curso da valeta e fez com que a água passasse próximo ao muro do conjunto. E o que se soube mais tarde é que não havia projeto aprovado pela prefeitura ali. Tanto que a administração municipal alega que a obra estava embargada e os responsáveis sendo multados pela continuidade dos serviços. E a fiscalização? E uma ação enérgica para impedir os trabalhos?
Na edição do dia 24, o Dat publicou reportagem mostrando as consequências da obra: muita água surgindo no condomínio. Agentes da Defesa Civil e da Vigilância Sanitária estiveram lá duas semanas após terem sido alertados. E, mesmo assim, não tomaram providências levando em consideração o risco de acontecer o pior. Houve só medidas paliativas para tentar impedir a proliferação de mosquitos. A prefeitura não deu a devida importância. Agora demonstra preocupação, na figura da secretária de Assuntos Urbanos e de Obras e Infraestrutura, Carmen Lúcia Lorente, a Carminha.
Ações estão sendo tomadas agora, mas o estrago está feito. Foi negligência, incompetência, omissão ou má-fé? Ou tudo isso somado? Quem pode responder? A secretária? O prefeito Paulo Tokuzumi (PSDB)? O consórcio que fez a obra? E os moradores que perderam seus pertences e estão se acomodando da maneira como podem, quem defenderá seus direitos? A Tecnisa, construtora do Vila Nova Paisagem, vai só atribuir a culpa a terceiros ou vai intervir pelos moradores e supri-los de suas necessidades nesse momento em que só a solidariedade dos vizinhos é visível? A propósito, a própria obra desse condomínio, anos atrás, teria alterado também o curso d'água com autorização de um irresponsável governo passado.
Ou seja, são inúmeros os responsáveis, mas poucas respostas e soluções para tornar igual tudo o que era antes. É vexatório. Escancara a inércia e a falta de comprometimento de muitos. E a chuva continua a cair.