Num universo de centenas de milhares de motoristas no Alto Tietê, a possibilidade de suspensão de 633 Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) por motivo de embriaguez ao volante pode parecer irrisório. No entanto, o número é alarmante e como tal deve ser encarado pelas autoridades. Apesar das recentes mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em relação a esse assunto que enrijeceram as penalidades contra quem combina uso de álcool e direção, ainda assim, são muitos condutores que continuam com esse tipo de comportamento e, pior, colocando a vida de pessoas conhecidas ou não em elevado risco.
Os números do Departamento de Trânsito do Estado de São Paulo (Detran-SP) retratam uma realidade que se imagina que cairia rapidamente. Claro, a possibilidade de ter a CNH suspensa por 12 meses e de pagar uma multa salgada de R$ 1.915,40, em tese, faria com que muita gente colocasse a mão na consciência antes de beber e pegar no volante. Ao que parece, tem causado um certo receio, no mínimo, mas a intenção é inibir de vez essa prática altamente perigosa. O número não é considerado alarmante sem propósito. O levantamento mostrado na reportagem da edição de ontem é referente ao período de janeiro a novembro deste ano. Ou seja, apenas 11 meses. São cerca de 60 casos mensalmente ou quase dois todos os meses.
O que se espera é que esses dados possam servir de base para que as autoridades competentes desenvolvam ações a fim de diminuir os números ao longo do tempo. Em 11 meses foram seis operações do programa Direção Segura, com agentes do Detran, da Polícia Militar e das prefeituras da cidade onde estavam sendo desenvolvidas. Essas ações consistem em blitze entre a noite e a madrugada em pontos de grande movimentação de veículos e nelas são utilizados os bafômetros que apontam a alcoolemia, ou seja, a presença de álcool no sangue em quantidade estipulada pela lei. Em caso de confirmação da infração, que é gravíssima, é feita a retenção do veículo (caso não haja alguém sóbrio e habilitado para conduzi-lo),lavrado o auto de infração e dado início ao processo para suspensão da CNH.
A punição severa, para muitos motoristas, acaba sendo a única opção para que haja a conscientização da necessidade de se atuar no trânsito de forma correta e cidadã, infelizmente. Se cada um fizesse sua parte, obedecesse às leis, respeitasse a sinalização, desse mais preferência ao pedestre, dirigisse de forma mais segura, entre outros comportamentos, talvez não fosse necessário tudo isso. Mas essa realidade ainda está bem distante.