Nós advogados somos apenas solucionadores de problemas inventados, problemas fictícios. Solucionamos com a lei uma criação humana, problemas criados pela própria lei.
Os médicos são cuidadores, auxiliadores de seres humanos no momento mais delicado: o momento da dor. Aquele médico que fizer bem o seu trabalho receberá o céu como recompensa. O advogado que fizer bem seu trabalho..., enfim, falemos dos médicos.
Lembremos os sacrifícios derivados da escolha de ser médico. Essa pessoa estudará muito, primeiro para o vestibular, depois durante a graduação e, então, para ser admitido na residência médica. E, ainda, ouvirá por muitos anos: "só estudar é fácil". Santa ignorância.
Eles, os médicos, estudam, e muito, para se capacitarem adequadamente e cuidarem das nossas dores e só acha fácil estudar quem nunca estudou de verdade.
Amigos da infância já se formaram, já desfrutam da vida adulta, ganham e gastam dinheiro, casaram-se, tiveram filhos e o médico, ou ainda não se graduou ou amarga dias difíceis na residência.
Amargam no íntimo uma sensação de serem um peso para suas famílias. Nada disso. Obrigado aos médicos por suportarem essa sensação, obrigado pela insistência, obrigado por serem médicos.
Não digam que se trata de um investimento lucrativo financeiramente, pois não é o caso. Muitos investimentos rendem mais. Esse investimento é em favor da humanidade. Trata-se de altruísmo. O pai forma um filho médico e presenteia o mundo. Uma mãe sofre e suporta o sofrimento do filho médico e presenteia o mundo. Precisamos de mais pessoas assim, pessoas que gastem seu dinheiro e sacrifiquem tanto para depois cuidarem do outro.
Eles, os médicos, estudam e trabalham para cuidar, para doar, somente para ajudar, sempre. Enquanto nós, os advogados, estudamos e trabalhamos para ajudar um e atrapalhar o outro, necessariamente assim, vez que os processos possuem partes opostas.
Para os médicos não há pretensão resistida, existe apenas um objetivo: o melhor para o paciente.