O Brasil hoje pode ser dividido em duas alas: a dos honestos, sejam trabalhadores, aposentados, donas de casa, estudantes, empresários e de outros setores da sociedade, e os desonestos, em sua maior parte formada pelos responsáveis por tanta falcatrua que pipocam a cada momento nos tantos, estrondosos, escandalosos e criminosos escândalos.
A corrupção não é algo novo, vem de longe, mas há mais de uma década desembarcou de vez no País e se antes era escamoteada, escondida, feita em pequena escala e em valores também pequenos, já há algum tempo é feita à luz do dia, como se diz na gíria "na cara larga" e em valores astronômicos, dinheiro este surripiado do povo e que se utilizado de forma honesta daria para aplicar na saúde, habitação, segurança, educação e em tantos outros setores essenciais da sociedade brasileira.
E disso tudo resta uma pergunta: até quando? Até quando a Justiça e a cadeia vão continuar no ritmo de Fórmula 1 para os que roubam galinhas e a passos de tartaruga paralítica para os que assaltam milhões, bilhões?
Até quando 99,9% dos cidadãos vão receber uma mísera aposentadoria, após no mínimo 35 anos de trabalho (tempo esse que deve começar a aumentar) enquanto integrantes dos Três Poderes - Legislativo, Executivo e Judiciário, se aposentam com valores mensais de
R$ 15 mil, R$ 20 mil ou bem mais que isso - e muitos trabalhando quase tempo nenhum?
Até quando o cidadão comum terá que, apenas com o seu salário, pagar todas as suas despesas (alimentação, vestuário, higiene, moradia, transporte, lazer, etc, etc) enquanto brasileiros privilegiados, geralmente pertencentes aos Poderes acima citados ou organizações ligadas a eles, recebem salários nababescos - reforçados por auxílios-paletós, auxílios-moradias, auxílios disso, daquilo além passagens de avião, cartões corporativos e outros tantos gastos mais?
Como pode tudo isso se o dinheiro vem de um só lugar, do bolso, do suor e do sangue dos 99,9% dos cidadãos honestos que trabalham mais de cinco meses por ano para pagar os 63 tipos de impostos, taxas e tributos existentes no País?
Até quando esse mar de lama generalizado, essa cara de pau coletiva, essa amnésia dos governantes vai continuar?
Vale, para fechar este texto, de utilizarmos uma frase do grande jurista Rui Barbosa: "De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."