Ditados populares. Acho que entramos numa fase em nosso país onde nunca pudemos ver tantos ditados contextualizados de maneira tão prática no dia a dia da política e economia.
Na semana passada a pudemos ver um uma demonstração na vida real da velha máxima "O sujo falando do mal lavado": de um lado, a votação do conselho de ética da Câmara dos Deputados, quando a bancada do PT votou a favor do processo que pode levar à cassação de Eduardo Cunha (PMDB); do outro, o próprio Cunha autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Antes do último dia 2 pudemos ver outras experiências práticas destes provérbios, como em 25 de novembro, quando assistimos à personificação do ditado "Para tudo na vida há uma primeira vez", com a prisão de Delcídio do Amaral (PT), fato inédito em se tratando de um senador ainda em exercício de seu mandato.
A operação Lava Jato foi responsável pela maioria dos ditados na vida real este ano. Podemos citar "Quem tudo quer, nada tem", sobre todos presos na operação. Ou ainda "O buraco é mais embaixo" sobre o laudo pericial da PF que aponta que o rombo na Petrobras causado por desvios pode atingir R$ 42 bilhões. Em abril deste ano o valor declarado pela estatal era de apenas R$ 6 bi. Se ainda colocarmos na conta os impactos diretos e indiretos dos desvios apurados, o maior esquema de corrupção de todos os tempos pode tirar R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2015. Somando a este valor o déficit orçamentário aprovado pelo Congresso de quase R$ 120 bilhões, chegamos a 4,5% do PIB. Até deixa a gente sem um ditado para isso.
Todos estes provérbios que temos vivenciado nestes tempos incertos da política e da economia são decorrentes de muito roubo, muita falcatrua, muito descaso com o povo, muita recessão e muita impunidade. Mas quando penso principalmente sobre esta última, me vem à mente um ditado que ouço de meu pai desde que era pequeno e que tenho esperança de ver em prática o mais cedo possível: "Dia de muito é véspera de pouco".