A proximidade do Natal nos lembra que todas as religiões históricas têm regras de conduta que aproximariam o ser humano do divino e da sua própria dignidade. É o caso das famosas "Tábuas da Lei". Ao ver o desmoronamento do nosso sistema político, constato também que muitos negam aqueles preceitos tão enraizados na nossa cultura ocidental.
Pratica-se, no Brasil de hoje, uma contrafação grosseira dos "Dez Mandamentos". Parece que a regra da ação política predominante é:
1 - Amar as coisas, em especial o dinheiro e o poder;
2 - Usar o nome de Deus em vão, para manipular em favor de interesses mesquinhos a fé ingênua de nossa gente;
3 - Desprezar domingos e festas como momento de reflexão, pois não pode haver descanso para as maquinações e negociatas;
4 - Desonrar os valores imorredouros que nossos pais e antepassados nos deixaram, como franqueza, respeito, justiça, simplicidade e altruísmo;
5 - Matar os sonhos da nossa juventude e destruir vidas, subtraindo pela corrupção o dinheiro que iria para a saúde e a educação;
6 - Pecar contra a pureza dos que ainda têm ideal e acreditam que podem fazer deste lugar um bom país;
7 - Roubar sem cessar, fortalecendo a cultura do individualismo e do levar vantagem em tudo;
8 - Levantar falsos testemunhos contra aqueles que ousam resistir às chantagens e tenebrosas transações;
9 - Desejar tudo o que é do próximo, no afã de acumular;
10 - Cobiçar as coisas alheias, degradando pelo ambição do lucro o meio ambiente, e tirando dos pequeninos o teto, a terra, o emprego e o pão de cada dia.
Como quebrar essas tábuas e essas práticas, que trazem as "pragas do Egito" para a vida nacional contemporânea? A Lei Maior do País, a Constituição de 1988, aponta o caminho. Para o primeiro passo, bastaria cumprir os princípios básicos da administração pública, inscritos no artigo 37: Que todos os que exercem funções públicas vivam de acordo com os preceitos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência. Simples assim...