É muito comum as pessoas demonstrarem descrença em relação às mudanças que ocorrem no país. O Brasil mudou muito nas últimas quatro décadas. Avançamos em alguns aspectos, retrocedemos em outros. Mas efetivamente não somos mais o mesmo país que fomos um dia.
Nessas quatro décadas deixamos de ser um país rural e nos tornamos um país urbanizado. Nossa economia se industrializou e o nosso PIB colocou o Brasil entre as grandes economias mundiais.
De acordo com os dados da pesquisa Estatística do Registro Civil de 2014 divulgada ontem, em 40 anos a mortalidade infantil de crianças com até cinco anos caiu 86,6%. Pela primeira vez esse estudo faz um comparativo com os dados de 1974, ano em que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) passou a sistematizar esses dados.
No ano de 1974 o Brasil apresentava o seguinte quadro: as mortes de menores de cinco anos representavam 35,6% do total de mortes ocorridas no país. Esse índice caiu para 3,1% em 2014. Da mesma forma, as mortes de crianças com menos de um ano caiu de 28,2% para 2,7%.
O processo de urbanização e a universalização da saúde foram os principais responsáveis por tal mudança. Com o movimento migratório proporcionado pelo desenvolvimento da economia brasileira, um grande número de brasileiros passou a viver em cidades onde o saneamento básico é mais presente, melhorando consideravelmente as condições de vida dessas pessoas.
No entanto, infelizmente existe o outro lado da moeda. A intensificação da urbanização inflou outro dado. As mortes violentas, que em 1974 representavam 6,4% do total, hoje passaram a representar 10,2%. Lembrando sempre que as mortes violentas vitimam mais a população masculina, jovem e pobre, o que tem inclusive contribuído para o maior número de mulheres na população brasileira. Nascem mais homens do que mulheres, mas justamente entre a população entre 17 e 24 anos é que as mulheres passam a ser maioria.
Pois é. Mesmo quando não parece as mudanças acontecem.