Minha relação com agendas vem desde a época de adolescente, mais precisamente no ano de 1988. Era uma febre todas as meninas terem esse objeto que era usado como um diário, na verdade, mas sem a necessidade de deixá-lo com um cadeado bloqueando sua abertura por estranhos.
A ideia era registrar tudo o que acontecia naquele dia para guardar para posteridade. No meu caso, sempre levei isso muito a sério. Como sempre gostei de escrever, usava aquelas folhas em branco para registrar tudo, exatamente tudo, o que acontecia, desde o simples "Acordei cedo" e "Dormi tarde", por exemplo.
Também adorava deixar as agendas com os amigos para que escrevessem recadinhos e declarações sobre nossa amizade fortalecendo os laços que nos uniam.
Tive momentos em que até a embalagem vazia do que eu comia colava na folha: tem papel vazio de chocolate, bombom, bala e por aí, vai.
Sabe aquelas manteigas que encontramos como couvert em restaurantes? É, um dia até ela eu colei. O problema foi depois quando esqueci que tinha isso na agenda e sentei em cima dela. Só foi o tempo de ouvir o "pléft" e tudo aquilo se espalhou. Faz parte!
Alguns malucos que cruzaram minha vida também deixavam recordações inusitadas. Um amigo que trabalhava numa ótica grudou uma armação de óculos quebrada, um copo de café usado que tomava no momento do registro e uma pena de galinha que até hoje não sei onde arrumou. Outra querida deixou uma cápsula de bala de revólver vazia com os dizeres: "se um dia quiser se matar, use".
Também guardei os meus dois dentes de siso que extraí em uma cirurgia. Tomei o cuidado de lavá-los e esmaltá-los. Ótima recordação!
Esse hábito eu mantive até o ano de 1993 e sempre as tenho comigo, por todos os lugares pelos quais já passei e olha, que já mudei de muita casa até o ano em que estamos atualmente.
O mais legal de tudo é quando me reúno com os amigos dessa época e levo as agendas para lermos juntos. É risada garantida!
Já disse que quando morrer, elas devem ser enterradas comigo. Será que até lá, dessas memórias todas, nasce um livro? Quem sabe!