Eles são os maiores partidos, têm as maiores bancadas no Congresso, por duas vezes emplacaram a mesma dobradinha na Presidência e na vice-presidência da República. Mas vivem às turras. Parceiros de eleição e reeleição, PT e PMDB se diferem e se igualam em quase tudo. São e estão no governo. E se opõem a ele.
Ambos abusam da mania de cobrir com vestes de interesse nacional o olhar fixo que têm em seus próprios umbigos. A "Resolução política sobre a conjuntura", aprovada pelo Diretório Nacional do PT, dia 29, e o documento "Uma ponte para o futuro", liberado pelo PMDB na mesma quinta-feira, mais uma vez provam isso.
Com alarmismo quanto ao avanço das forças retrógradas de direita, que estariam interessadas em desestabilizar o País e penalizar o ex Lula, o PT pretende, com a sua resolução, atrair o público que até pouco tempo era cativo e já não lhe é fiel. Já o PMDB, partido que integrou todos os governos desde a redemocratização, sempre soube quando e a quem apoiar. Mais ainda, a hora precisa do desembarque.
Em 2014 se postou ao lado de Dilma e contra as propostas tucanas que agora defende. Diante do fracasso da presidente, das crises econômica e política, quer sair bem na fita. Posa como salvador da pátria.
Em seu documento, defende o óbvio - responsabilidade fiscal, controle de gastos e privatização da infraestrutura -, mas fica caladinho quanto aos protagonistas na mais grave crise ética do Brasil. Não dá um pio sobre Eduardo Cunha, atolado até muito acima do pescoço com múltiplas contas na Suíça, sobre Fernando Baiano e a Operação Lava-Jato.
O presidente da Câmara é um caso à parte. Cunha manipula não só a presidente, a quem pode impor o processo de impedimento do mandato, o PT e o PMDB, mas também a oposição. Hoje, a dinâmica da política está nas mãos dele.
Aqui, mais um traço em comum. Ao PT de Lula, que já deu a ordem para que não mexam com Cunha, e ao PMDB, que finge que não é com ele, nada melhor do que ter a oposição como cúmplice da imoralidade. PT e PMDB agradecem.