A respiração do ar mediante inspiração e interiorização é seguida de expiração ou expulsão do mesmo, num movimento de exteriorização. Pegando um gancho neste assunto, gostaria de compartilhar um lindo poema de Goethe, que expressa muitíssimo bem o "sopro da vida" com esses dois movimentos:
"Duas graças há no respirar: inspirar o ar e dele se livrar. Inspirar constrange. Expirar liberta. Tão lindo é feito da vida uma mescla. Agradece a Deus quando ele aperta e, agradece de novo quando te liberta."
As linhas acima traduzem um ato tão simples e corriqueiro, que, muitas vezes, passa despercebido. Contudo, quando inspiramos, estamos inspirando o mundo inteiro, ou seja, fazemos com que o mundo entre em nós e, nós, a partir de então, podemos nos manifestar, nos expandindo no mundo. Imaginem forças do mundo entrando e saindo. Esse ritmo é necessário à vida.
Tal qual o ritmo de nosso coração, o movimento da respiração é um milagre de Deus. Respiramos, em média, 18 vezes por minuto, ou seja, 1.080 vezes por hora, o que significa 25.920 vezes por dia e, 25.920 dias culminam num ano platônico - o tempo que o Sol leva para seu movimento de precessão, para passar pelas doze constelações.
A respiração é a base também para a prática de exercícios, para a meditação, para várias situações de nossa vida. Minha mãe costumava dizer, por meio de sua linguagem simples, mas cheia de amor, que toda manhã eu deveria respirar bem fundo, para trocar o ar do pulmão; que eu deveria começar o dia, bem cedo, com a brisa da manhã, "que era remédio", pois o sereno da noite "era veneno".
Enfim, coisas do cotidiano interiorano que nos reportam à importância do ato de respirar, de viver. Tal qual é a similaridade com as mudanças do corpo, das fases da vida, representadas pelos três setênios: o primeiro, "O mundo é bom"; o segundo, "O mundo é belo"; e o terceiro, "O mundo é verdadeiro".
Cabe a nós, então, aprendermos a inspirar o mundo e dele nos livrarmos quando necessário, a mesclar as duas coisas e a viver com mais qualidade e harmonia com o Cosmo.
