Àqueles que abominam, com justa razão, o câncer da corrupção que se instalou no Brasil, cabe lembrar que tem ele se transformado em doença internacional. Não poucas vezes, neste sentido, a mídia tem apontado para revoltas populares nas mais diversas nações, clamando a sociedade local por transparência no trato com a coisa pública.
Às vezes se punem os larápios, outras, acariciam-lhes as cabeças, e como se nada tivesse acontecido, ao perdão ofertado, segue-se outra benesse qualquer. E, ao que parece, nem o Estado do Vaticano, conduzido pela figura carismática de Francisco, esta isento das falcatruas que alcançam os impuros mortais.
Dia desses, por exemplo, foi preso o padre Lucio Anjo Vallejo Balda, acusado de alta traição, eis que, em suas funções de reorganizar as finanças da Santa Sé, teria divulgado documentos sigilosos, e com isso praticado ofensa às leis penais daquele estado religioso.
E no que consistiu o seu ato hostil e delituoso? Em tornar público dados das contas da Igreja, bem como de outros companheiros que atuavam na organização de estruturas econômicas.
E aí o nó górdio: em tempos em que os países se empenham em abrir suas contas, mostrando à população - principal interessada, eis que responsável pelas arrecadações - onde foram empregues as verbas, na contramão, os senhores do clero católico, tornam-nas sigilosas.
Por que, e a quem isso interessaria, são duas questões que emergem, ao menos ao leigo, irrespondíveis! Ademais, qual o motivo de tamanha ira quando os apaniguados do poder - os outros membros da Comissão - reclamaram da quebra de seus segredos, como se algo tivessem a temer, é outro ponto obscuro!
Espectadores contínuos de falcatruas; escaldados com os acertos que se fazem nas surdinas; por certo, nós, brasileiros, nos aventuramos a sentir na pretensa punição cala boca ditatorial, demonstração que o poder, também ali, serve para representar e alimentar interesses espúrios.
Essa não Francisco! Até você?