Existe um tipo de usuário de trem que merece o nosso respeito e a nossa atenção, mas sabemos que eles não têm isso de jeito nenhum: os baixinhos.
Os "desprovidos de altura" sofrem como criança, mas não são tratados como tal, com a preferência nos assentos, por exemplo. Acho que deveriam ter esse privilégio porque se eles não conseguem ser usuários "pole dance", ou seja, ficarem agarrados no ferro central sempre serão verdadeiramente esmagados na multidão e lutarão desesperadamente, e em vão, na tentativa de se agarrar na barra de cima. 
É clara a aflição quando olham para os lados e procuram onde segurar e só encontram o alto. O jeito é contar com a solidariedade de alguém que possa lhe dar um braço amigo ou que o trem esteja tão lotado que não dê margem para quedas.
Ficar presa entre duas pessoas altas e sentir o cheirinho nem sempre agradável das axilas de ambos é algo constrangedor e desesperador. Já vi gente que no aperto, teve seus ouvidos tampados pois dois braços gordinhos, um de cada lado, sem poder se mexer e, principalmente, ouvir o mundo lá fora, além do andar de baixo.
Mas num outro dia descobri uma vantagem em ser baixinho. Por conta da estatura e da lei de sobrevivência nos trilhos, eles normalmente são mais ágeis, conseguindo passar por lugares que nós, mais altinhos, normalmente não conseguiríamos.
Uma grande pequena seguidora do meu perfil no Twitter, amiga, filhotinha dos trilhos, para minha felicidade, me provou isso: estávamos aguardando o trem chegar na plataforma lotada e assim que ele chegou tinha um cidadão prestes a descer erroneamente na porta em que iríamos entrar. 
Antes que eu pudesse "protegê-la", a porta abriu e para minha surpresa e do homem também, ela deu um rasante por baixo do braço dele e conseguiu entrar! Não tomou nenhuma cotovelada e nem despenteou o cabelo!
Encheu-me de inveja e provou que na lei do trem valem as armas que cada um tem, nem que seja na altura dos pés da maioria das pessoas!