Com a inflação na casa dos 10% (o número oficial é esse, mas todo mundo está careca de saber que há produtos e serviços que subiram muito mais que isso), e tudo pela hora da morte, o salário mínimo no Brasil é, atualmente, de R$ 788,00. E o governo federal acredita que esse valor é suficiente para uma família com quatro pessoas viver. Difícil. Ou melhor, impossível. Já é difícil para uma pessoa apenas "sobreviver".
Na prática, o salário mínimo deve atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família, como estabelecido na Constituição: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social.
Parece piada, mas isso está escrito na Constituição Federal do Brasil. Está lá no rol de direitos sociais tratados, no Título II - dos Direitos e Garantias Fundamentais, no inciso IV, do Art. 7º.
Aí vem o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), fundado em 1955 para desenvolver pesquisas que fundamentassem as reivindicações dos trabalhadores (portanto há 50 anos), e afirma: em outubro, o salário mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.210,28. Isso mesmo que o leitor está vendo, três mil, duzentos e dez reais e vinte e oito centavos.
Esse salário mínimo ideal para um país na atual situação que está o Brasil é nada mais, nada menos que 4,07 vezes mais do que o válido atualmente que, como já citamos no início deste texto, de apenas R$ 788.
E o Dieese explica as razões para chegar a essa estimativa de salário mínimo ideal. O cálculo é feito comn base na cesta básica mais cara no País. Em outubro, entre as 18 capitais brasileiras pesquisadas, a cesta básica mais cara foi registrada aqui em São Paulo, R$ 382,13.
Imagine alguém receber R$ 788,00, gastar o valor acima só para se alimentar e ainda sobrar dinheiro para ele, esposa e dois filhos pagarem aluguel, se vestirem e os demais gastos. Não dá. Não dá mesmo.
Resumindo, nunca o salário mínimo pôde custear tudo isso para um único sujeito, imagine para ele e sua família.
E assim vai este Brasil, repleto de leis, regulamentos, normas, a maioria pouco aplicáveis e espertos são os que conseguem se livrar delas.
A Constituição também garante que: "Todo poder emana do povo"! Fosse isso verdade, não teríamos hoje um sistema totalmente falido, permeado pela corrupção desenfreada e esse mesmo povo - que em última instância sustenta toda essa estrutura - vê, atônito, o desfilar de valores estratosféricos de salários, gastos, mordomias, luxos, tudo pago com o dinheiro dos impostos.