Vereadores e deputados poderiam tomar uma iniciativa em prol do bom senso e da qualidade de vida criando medidas para diminuir a exposição da violência nos meios de comunicação. Projetos de lei que proibissem a divulgação ou publicação de cenas terríveis, como a de uma pessoa sendo executada. Isso seria o mínimo para evitar que as pessoas, incluindo as crianças, cresçam sem a sensação de banalização da violência.
Não é de hoje que a televisão se tornou o Notícias Populares digital. Se antes a frase era "espreme o jornal que sai sangue", atualmente ele sai da tela e é derramado dentro da sala das casas. Sim, existe um fundo de informação em todas essas notícias, mas a repetição de uma cena em que uma mulher é baleada pelas costas e agoniza no chão, ou outra em que um homem esmurra sua esposa na saída de uma danceteria, faz com que a informação fique em segundo plano, e a audiência se torna a essência do programa. Com isso, a imagem grotesca entra na mente do telespectador, seja ele criança, adulto ou idoso.
Tais imagens têm ganho ainda mais espaço com os inúmeros vídeos gravados por aparelhos celulares, que captam quase tudo que ocorre em qualquer lugar. O pior é que tal atitude já não é uma exclusividade de poucos programas voltados a ocorrências policiais, já ganharam os grandes noticiários nacionais, em horário nobre ou não.
Um vídeo de uma pessoa morrendo, seja onde for, em Suzano, São Bernardo, São Paulo ou uma pequena cidade do Ceará, basta para que tais imagens sejam espalhadas pelas redes sociais e, mais tarde, entrem na pauta dos telejornais mais importantes do Brasil. Não há pudor, o vídeo será comprado, usado, divulgado, o quanto for necessário para prender a atenção do telespectador.
No Uruguai, um projeto de Lei prevê a proibição de "imagens fortes de violência" na televisão ou demais veículos de comunicação. Uma iniciativa que já deveria ter se tornado prática por aqui, mas que a nossa cultura parece não acreditar nos malefícios que tais imagens podem causar na vida dos telespectadores.
Mais uma vez, a discussão sobre o papel da televisão na vida das pessoas é discutida, mas a resposta todos nós sabemos: a de que a TV não tem o papel de educar o cidadão. Certo, mas também poderia não ser um dos maiores inimigos da formação da pessoa, que precisa saber sim o que acontece, seja uma notícia boa ou ruim, mas que não precisa ser entupido de imagens fortes de execução a sangue frio, repetida dezenas de vezes.