Ano após ano, a cena de repete. Os bancários entram em greve e a população é duplamente prejudicada. Sim, porque o cidadão, mesmo aquele que compreende a manifestação, precisa se desdobrar para pagar a conta que a esta altura já deve estar atrasada, afinal, um pouco antes da paralisação da vez outra estava em vigor: a dos carteiros.
À margem das discussões entre banqueiros e bancários, os clientes/correntistas precisam encontrar meios de pagar as contas. E nem todos possuem conhecimento necessário para usar a Internet e os outros recursos.
Ao menos desta vez, o sindicato fez uma concessão e determinou que os idosos fossem atendidos nos caixas eletrônicos. Mas e as mulheres grávidas, com crianças de colo, os deficientes, os apressados, e os endividados?
Quem vai até o banco, não vai porque gosta das filas, do gerente ou dos banners que estampam pessoas felizes. Vai porque precisa de algum serviço que somente lá poderia ser feito. Poderia, porque a greve o impossibilitará.
Os bancários exigem um reajuste de 16% (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real), participação nos lucros e resultados (PLR) de três salários.
Os banqueiros ignoram os pedidos e oferecem 5,5% e só.
É preciso destacar a forma como os banqueiros tratam os bancários. A negociação com a Federação Nacional dos Bancos (Fenabran), entidade que representa os ricos banqueiros, nunca é fácil.
Mesmo com lucros batendo recordes - para os bancos não existe crise - os banqueiros não dão atenção a quem está na linha de frente, enfrentando o descontentamento dos correntistas, ouvindo reclamações, e o que é pior, trabalhando em muitos casos em estado de tensão, com a possibilidade de um assalto. Os cinco maiores bancos do País lucraram R$ 36 bilhões somente no primeiro semestre de 2015.
E entre discursos agressivos e outros mais apaziguadores está a população cansada de greves.