A secretária de Estado de Meio Ambiente, Patrícia Fagas Iglecias, trouxe um assunto indigesto para muitos políticos que nem querem mais ouvir falar nele, mas que, de tempos em tempos, surge para suscitar polêmica. A instalação de um aterro sanitário para dar conta do lixo produzido no Alto Tietê foi apresentada anteontem na reunião do Consórcio de Desenvolvimento dos Municípios do Alto Tietê (Condemat) não como uma alternativa para uma problemática que se arrasta há anos, mas como uma necessidade, independentemente da aplicação de medidas das mais diversas para tratamento dos resíduos defendida pelo presidente da entidade e prefeito de Mogi das Cruzes, Marco Bertaiolli (PSD).
Aliás, foi em Mogi onde o embate contra a vinda de novo um aterro sanitário ocorreu de forma efusiva. Os políticos e a sociedade civil se colocaram contra a possibilidade, que quase foi concretizada pela Queiroz Galvão em uma extensa área no distrito industrial do Taboão.
O "não" foi dito por causa do risco que a cidade corria de receber resíduos não apenas do Alto Tietê como também de muitos outros municípios do Estado. Em seguida, foi em Itaquaquecetuba, onde fica o já esgotado depósito da Pajoan, que a sombra do "lixão" voltou a aparecer, com bem menos força. Mas lá a negativa ganhou apoio e garantia do governo estadual, e depois de alguns meses nada mais foi cogitado.
O fato é que nenhuma cidade quer ter um aterro sanitário em seus domínios. No entanto, ao mesmo tempo, a secretária Patrícia Iglecias disse anteontem que não se pode descartar a importância de um local regionalizado para depositar os resíduos e, principalmente, próximo, na própria região, para evitar gastos com transporte. Atualmente, Jambeiro, São Paulo e Santa Isabel são alguns dos destinos do lixo do Alto Tietê.
Mais importante do que garantir um depósito com vida útil mais longa e sem necessidade de grandes traslados, é alterar a maneira como os resíduos são tratados, com conscientização das pessoas sobre coleta seletiva e do reaproveitamento