Na capa da revista Exame da semana passada está estampada a dura realidade de que o Brasil ora experimenta a marca assustadora de sete demissões por minuto, em média. Enquanto muita gente está ficando desocupada formalmente para se ocupar com a recolocação profissional, outra parcela da massa produtiva do país está se esforçando muito para manter o emprego e os empresários se desdobrando para manter suas empresas. Em reunião recente com um líder de setor da iniciativa privada, chegamos à conclusão de que quem é honesto só tem um caminho para superar a crise: trabalhar, incluindo todos os elementos que fazem parte dessa nobre ação. É justamente aqui que pode se instalar mais um problema, importante de ser evitado: o excesso do trabalho. Temos noção da preocupação e da ansiedade que permeia as mentes dos que ainda estão produzindo, daqueles que estão empregando, mas é importante que esses não passem do ponto e comprometam significativa ou até de forma letal, seu desempenho. Ou seja, se temos que nos esforçar como nunca para superar as presentes dificuldades, precisamos também conhecer os nossos limites para que o exagero não corrompa outras áreas de nossa vida, afinal, ela, certamente, não é só trabalho. Precisamos reservar tempo para nossa reflexão espiritual; energia e tempo para a esposa ou esposo; tempo de qualidade para os nossos filhos, nossos pais e familiares; não podemos deixar que a pressão da crise nos arrebate o privilégio de contemplar e curtir a natureza; necessitamos mais que nunca dos nossos amigos e por isso, se nos aprofundamos em reuniões diárias a fim de encontrar saídas para os negócios, reunamo-nos com eles, também, para jogar uma conversa fora, simplesmente, estar juntos; não desprezemos aquele jantar com a família, o teatro, o cinema, o museu, o zoológico, etc.. Ora, em regra, os extremos, excessos ou faltas não fazem bem: num tempo de tanta apreensão, ansiedade e incerteza, oxalá possamos encontrar o equilíbrio necessário para não complicar ainda mais o que já está bastante difícil!