O fato que gerou este Editorial não é novidade, mas infelizmente voltou a acontecer. E já havia ocorrido anteriormente em vários estados brasileiros. Estamos falando da guerrinha ridícula entre as polícias Militar e Civil do Estado de São Paulo, cujo o mais recente episódio ocorreu na noite da última terça-feira, dia 20, na zona leste de São Paulo - bem pertinho aqui da nossa região. E do jeito que as coisas caminham, e como os ânimos corporativos estão à flor da pele, pode acontecer na delegacia mais próxima da sua casa.
Nesse dia, o 103º Distrito Policia - Itaquera/Cohab - foi simplesmente cercado por policiais militares de diversos batalhões, revoltados com a prisão de um sargento da corporação - suspeito de torturar um jovem que havia roubado R$ 60 de um comércio, com uma arma de brinquedo. Não estamos defendendo o ladrão e muito menos prejulgando o sargento da PM, mas sim perguntando à Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, e ao mesmo tempo aos comandos gerais das duas corporações, a Polícia Militar do Estado de São Paulo e a Polícia Civil: pode isso, Arnaldo?
Claro que não pode. Enquanto dezenas de policiais militares se mobilizaram primeiro pelas redes sociais para prestar apoio ao colega de farda, e depois saindo de seus locais de trabalho para um ato corporativo, com absoluta certeza havia cidadãos - pagadores de impostos - necessitando de ajuda dessas mesmas polícias. Vejam bem, nos dissemos pagadores de muitos, muitos e muitos impostos, que pagam os salários de todos os servidores públicos, municipais, estaduais, federais, dos Três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. E também de todos os fardados, sejam eles municipais, estaduais ou das três armas - Exército, Aeronáutica e Marinha. Resumindo, nós pagamos a fatura de tudo.
Ou seja, com a bagunça generalizada que acomete este País - em que pagamos muito para não ter quase nada - institui-se no Brasil o chamado "Samba do Criolo Doido" - criação do sensacional Sérgio Porto, com o seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, que se vivo estivesse hoje teria milhares e milhares de fatos pixotescos como este para escrever em seus contos e crônicas.
Já não bastasse a quadrilha instalada no mais alto escalão do governo=- somada a fatos lamentáveis, como este, diante de tudo isso, resta-nos parodiar uma antiga canção da MPB: chama o ladrão, chama o ladrão, chama o ladrão!