Nos últimos 40 dias, duas ocorrências policiais chamaram a atenção: a chacina que vitimou 19 pessoas em Barueri e Osasco (em que até agora um policial militar foi preso, acusado de participação nas mortes), e a prisão e morte de dois acusados de roubo, ação que foi flagrada por câmeras de segurança que mostraram um deles sendo jogado do alto de um telhado (antes de ser baleado e morto), e um outro que se rendeu, mas mesmo assim foi morto a tiros. E como se não bastasse, as imagens mostraram ainda um policial militar correndo até uma viatura para pegar uma arma fria e plantar nas mãos do morto, simulando, dessa forma, um confronto com troca de tiros que não existiu. Nessa ocorrência, 11 policiais estão presos e devem ser expulsos da PM paulista.
São ações como essas - execuções sumárias - que jogam na lama o nome da Polícia Militar do Estado de São Paulo, corporação que não foi fundada ontem ou na semana passada. Ela existe desde 15 de dezembro de 1831 - ou seja, há quase 184 anos, e tem hoje cerca de 87 mil homens - a esmagadora maioria de profissionais honestos e que seguem a lei.
Este texto não pretende defender mocinhos - ou atacar bandidos - mas, simplesmente exigir, que a lei seja cumprida, custe o que custar. Se polícia prende, que algeme e leve o suspeito até a delegacia de polícia civil mais próxima, sem rodeios ou atalhos. Essa é a rotina correta, esse é o protocolo oficial e legal. Qualquer coisa diferente disso é anormal.
Cabe à Polícia Militar expurgar dos seus quadros todo e qualquer elemento que não se enquadre na filosofia da corporação, que não siga a lei e que rebaixa a PM ao nível da bandidagem. Isso é necessário para que a população tenha plena e total confiança nesta corporação.
Caso contrário, nós, cidadãos honestos podemos ser, a qualquer momento, também vítimas de arranjos e armações.